quarta-feira, 1 de julho de 2009

DECLARAÇÃO FINAL DO SEMINÁRIO “ESPIRITUALIDADE ECOLÓGICA”.

Nós, participantes do seminário:” ESPIRITUALIDADE ECOLÓGICA, UM OLHAR SOBRE O BAIXO AMAZONAS”, reunidos nos dias 19 a 21 de Junho de 2009, no Centro de Formação José Freinademetz, Santarenzinho, município de Santarém, refletindo sobre a questão ecológica da região amazônica, constatamos que mais uma vez a nossa população é tratada com desrespeito pelas autoridades do nosso país.

Os projetos planejados para a nossa região, além de serem apenas respostas à ganância das empresas transnacionais, não levam em conta a população local e desrespeitam as áreas de preservação ambiental.

Um exemplo desse desrespeito é o projeto hidrelétrico planejado para o rio Tapajós, que atingirá grande parte do Parque Nacional da Amazônia, além das terras indígenas do povo Munduruku. Entendemos que esta proposta do governo destruirá o rio Tapajós e manifestamos nossa preocupação e indignação pelos danos irreparáveis que esse projeto, se concretizado, causará à vida das populações residentes nas comunidades localizadas ao longo do agonizante Tapajós, além da fauna e flora que serão dizimadas.

Sabemos que o governo brasileiro não leva em conta a presença humana nesta região e trata as populações locais “como entrave ao desenvolvimento”. Enquanto isso sofremos com a falta de políticas públicas básicas como saúde, educação, transporte… que trariam a verdadeira qualidade de vida para a região.

Diante do desrespeito das autoridades para com nossos povos, nós, religiosos, religiosas, padres, leigos e leigas da Diocese de Santarém, sócio-ambientalistas, educadores populares, jovens, homens e mulheres atingidos e ameaçados pelo Complexo do Tapajós, e por outras obras, declaramos que somos contrários ao Complexo Hidrelétrico do Tapajós que, além de prejudicar nossa cultura e meio ambiente, não nos trará benefícios, beneficiando apenas o grande capital e empresas nacionais e estrangeiras.

Declaramos ainda que a atual ordem econômica, que promove a cobiça, o desperdício, a acumulação, agrava as injustiças sociais e ambientais. O esbanjador estilo de vida de uma minoria destrói o planeta e a vida da grande maioria. Por isso, não haverá soluções ecológicas sem rever seriamente o estilo de vida no sentido da simplicidade, moderação e disciplina, em fraternidade com os povos e a Criação.

Continuamos explorando os recursos da Mãe Terra, sem permitir que ela se recomponha, para satisfazer nossa ganância. É necessário desenvolvermos uma espiritualidade que integre toda a criação como digna de respeito e admiração. É urgente e vital que as pessoas e a natureza estejam acima do lucro e da tecnologia. A nossa generosidade é a medida da nossa humanidade. O mundo tem que mudar a partir da nossa capacidade de partilha e não a partir de nossa capacidade de destruição e acumulação.

Nós, religiosos e religiosas, leigos e leigas sentimos que a salvação das pessoas e da natureza é parte integrante da sua missão de cristãos com base numa espiritualidade centrada na Criação e no bem das pessoas e dos povos, numa espiritualidade integradora da criação. Cremos que somos chamados a passar de uma fé cristã apenas interior e subjetiva para uma fé engajada não só social, mas também ecologicamente.

O caminho do encontro com Deus inclui toda a criação: o mundo mineral, o mundo vivo e o mundo dos humanos. O mundo todo é graça, é sinal da gratuidade, da fidelidade e da ternura de Deus. Todas as coisas, amáveis e gostosas por si mesmas, são caminhos para a contemplação de Deus. São um dom de Deus que tem como horizonte último não a finalidade econômica, mas a gratuidade do doador. Atrás da gratuidade das coisas existe a gratuidade de quem oferece. Essa é a dimensão da fé. É também o caminho da espiritualidade: saber descobrir a substância espiritual de toda a criação.

Finalmente, repudiamos a medida provisória MP 458 que legaliza as terras griladas na Amazônia. Partimos do princípio que essas terras são públicas, foram ocupadas ilegalmente pelos grileiros e agora o governo busca a alternativa de premiar o crime. Sendo assim, a MP 458 tem o sentido de regularizar o que juridicamente é crime e não irregularidade. Vemos a MP 458 como prêmio aos grileiros! Vão ganhar os grileiros, que ocuparam as terras públicas e agora as vão ver legalizadas por decreto presidencial.

Santarém, 21 de Junho de 2009

DIOCESE DE SANTARÉM
AMDS - ASSOCIAÇÃO DAS MULHERES DOMÉSTICAS DE SANTARÉM
CPT – COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

CPP- CONSELHO PASTORAL DOS PESCADORES

CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS FRANCISCANAS DE MARISTELA

PASTORAL DO MENOR

PASTORAL SOCIAL

MISSIONÁRIOS DO VERBO DIVINO

ORDEM DOS FRADES MENORES – FRANCISCANOS

FDA – FRENTE DEFESA DA AMAZÓNIA

FEDERAÇÃO QUILOMBOLA

UNECOS

CDJP – COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ

PASTORAL SOCIAL PARÓQUIA SÃO RAIMUNDO

SERE – APARECIDA

SERE – COMUNIDADE GUADALUPE – NOVA REPUBLICA

PARÓQUIA SANTÍSSIMO

SINPROSAN

PASTORAL SOCIAL – GUADALUPE

PASTORAL SOCIAL – PARÓQUIA DE AVEIRO

UES

IGREJA DA PAZ – AVEIRO

COLÔNIA DE PESCADORES – AVEIRO

IRMÃS MISSIONÁRIAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO

PASTORAL SOCIAL – SANTA RITA DE CÁSSIA

PASTORAL SOCIAL – CRISTO LIBERTADOR

PASTORAL SOCIAL – MENINO JESUS

PASTORAL SOCIAL – ÁREA B

RÁDIO RURAL DE SANTARÉM

PASTORAL SOCIAL – PARÓQUIA SÃO JOÃO BATISTA

PASTORAL SOCIAL – NOSSA SENHORA DA SAÚDE

PASTORAL SOCIAL – PARÓQUIA DO ROSÁRIO

PASTORAL SOCIAL – COMUNIDADE SANGTA CLARA

CASA FAMILIAR RURAL – SANTARÉM

AFMB – SANTARÉM

IRMÃS FRANCISCANAS FILHAS DOS SAGRADOS CORAÇÕES DE JESUS E MARIA

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