Segundo o chefe do departamento de Estudos Ambientais do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Márcio Macedo da Costa, os pareceres técnicos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre o complexo do rio Madeira (RO) são imprecisos. Esta suposta imprecisão seria a justificativa para manter os empréstimos para o consórcio responsável pelas obras das hidrelétricas a despeito dos relatórios que colocam as obras como ambientalmente inviáveis.
Para Costa, o problema dos relatórios é que eles tratam de assuntos que ainda não são uma certeza no meio científico. “Devido à insuficiência de dados reais, não havia no parecer uma condenação total ao projeto, o que viabiliza os financiamentos”, explicou o economista. As declarações foram dadas durante o “Seminário Febraban de Finanças Sustentáveis”, realizado nesta semana em São Paulo. Matéria de Flávio Bonanome,
Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
A acusação da insuficiência de informações comprovadas no parecer do Ibama, deve-se principalmente quanto ao problema levantado do fluxo de sedimentação. O Madeira é um dos rios que mais carrega sedimentos em seu leito, e a presença de uma usina em seu curso pode alterar este regime.
Apesar disso, Costa diz que ainda não existe certeza quanto a isso. “Há uma dúvida muito grande entre os pesquisadores se realmente existem impactos na sedimentação”, afirmou. De qualquer forma, o representante do BNDES foi político no final de sua fala. “É claro que existe um princípio de precaução aqui, levando em conta os investimentos previstos. Esta obra deve ser levada à frente”.
Defesa do projeto
Além de rebater a crítica levantada sobre a legitimidade dos financiamentos, Costa defendeu a obra de todas as formas que pode. Para ele a justificativa dos investimentos começa com a demanda que o país tem de energia. “Há um papel que deve ser assumido em prol das energias renováveis. A decisão de explorar o potencial hidrelétrico da Amazônia é uma decisão da sociedade brasileira”, afirmou.
O economista ressaltou também o potencial tecnológico que as obras teriam, o que seria um impacto positivo para o meio ambiente. “Um ponto positivo das obras no rio madeira é sua tecnologia, que destrói a relação entre diminuição da capacidade instalada em detrimento de uma menor área alagada”, afirmou.
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EcoDebate, 06/07/2009]
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