sexta-feira, 10 de julho de 2009

Afetados pela mineração do Pará acusam Vale por danos sociais e ambientais

Em documento que resultou de um encontro de Afetados pela Mineração no Sudeste Paraense, a mineradora Vale do Rio Doce é acusada por danos ao meio ambiente, exploração de trabalho e usurpação da posse de terras pertencentes a pequenos produtores e mineradores que vivem na região da estrada de ferro Carajás.

As acusações feitas pelos participantes do evento, realizado entre os dias 03 e 05 de julho, foram reunidas pela campanha Justiça nos Trilhos, que integrou a iniciativa e produziu um documento, fazendo um balanço das discussões.

A carta defende a articulação local para a defesa de um projeto de desenvolvimento que garanta a vida e o respeito às pessoas e ao meio ambiente na região de Parauapebas (PA), município que é ponto de partida para os 892 Km da Estrada de Ferro Carajás.

O texto também responsabiliza a empresa Vale do Rio Doce por oferecer condições de trabalho infra-humanas a seus empregados e por ter desalojado famílias que moravam na região de Cristalino há mais de vinte anos para explorar minérios. De acordo com os afetados pela mineração, para a exploração das minas de Salobo, em Marabá, a mineradora derrubou trezentas castanheiras de uma Floresta Nacional (Flona), da qual depende o povo indígena Xikrin.

Já em Curionópolis, a Vale teria mudado a posição de um marco geodético para englobar em seus projetos uma área pertencente a garimpeiros. De acordo com o documento, cerca de 300mil pessoas desembarcam do trem da empresa na região, a cada ano, em busca de trabalho. "Já existem em Parauapebas 40mil famílias sem casa, alojadas em ocupações, morros, áreas de preservação permanente e em outros locais impróprios para residir", diz a carta.

Os participantes do encontro prevêem que Paragominas ainda poderá chegar a ter um milhão e meio de habitantes, mas alertam que, desde já, faltam saneamento básico e abastecimento de água à população da cidade.

Eles também informam que a Vale oferece hoje 26mil vagas de trabalho, das quais somente quatro mil são para empregos diretos. "Terceirizar é a solução para evitar à Companhia o peso dos processos trabalhistas (hoje mais de 7000 só no Município de Parauapebas!)", diz, em carta, a campanha Justiça nos Trilhos.

Evento
O encontro dos afetados por mineração no sudoeste do Pará aconteceu em Parauapebas, e reuniu vários grupos e movimentos do extremo da Estrada de Ferro de Carajás, que buscam articulação e mobilização contra as práticas da Vale, que estaria "construindo e desviando estradas, isolando povoados e famílias e cobiçando a terra dos pequenos agricultores" na região.

Áreas afetadas
Parauapebas está no coração dos investimentos da Vale: o ferro de Carajás, o níquel do Vermelho, o cobre do Projeto 118 e as minas de Sossego (Canaã), Cristalino, Serra Pelada e Serra Leste (Curionópolis), Salobo (Marabá) e o projeto da Serra Sul.


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