segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Voto Eletrônico: Hacker revela no Rio como fraudou eleição




Texto escrito por Apio Gomes


Um novo caminho para fraudar as eleições informatizadas brasileiras foi apresentado ontem (10/12) para as mais de 100 pessoas que lotaram durante três horas e meia o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1, no decorrer do seminário “A urna eletrônica é confiável?”, promovido pelos institutos de estudos políticos das seções fluminense do Partido da República (PR), o Instituto Republicano; e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a Fundação Leonel Brizola - Alberto Pasqualini.


Acompanhado por um especialista em transmissão de dados, Reinaldo Mendonça, e de um delegado de polícia, Alexandre Neto, um jovem hacker de 19 anos, identificado apenas como Rangel por questões de segurança, mostrou como — através de acesso ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro, sob a responsabilidade técnica da empresa Oi – interceptou os dados alimentadores do sistema de totalização e, após o retardo do envio desses dados aos computadores da Justiça Eleitoral, modificou resultados beneficiando candidatos em detrimento de outros – sem nada ser oficialmente detectado.

“A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos. Modificamos resultados  mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas gerais como atuava para fraudar resultados.

O depoimento do hacker – disposto a colaborar com as autoridades –  foi chocante até para os palestrantes convidados para o seminário, como a Dra. Maria Aparecida Cortiz, advogada que há dez anos representa o PDT no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para assuntos relacionados à urna eletrônica; o professor da Ciência da Computação da Universidade de Brasília, Pedro Antônio Dourado de Rezende, que estuda as fragilidades do voto eletrônico no Brasil, também há mais de dez anos; e o jornalista Osvaldo Maneschy, coordenador e organizador do livro Burla Eletrônica, escrito em 2002 ao término do primeiro seminário independente sobre o sistema eletrônico de votação em uso no país desde 1996.

Rangel, que está vivendo sob proteção policial e já prestou depoimento na Polícia Federal, declarou aos presentes que não atuava sozinho: fazia parte de pequeno grupo que – através de acessos privilegiados à rede de dados da Oi – alterava votações antes que elas fossem oficialmente computadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

A fraude, acrescentou, era feita em benefício de políticos com base eleitoral na Região dos Lagos – sendo um dos beneficiários diretos dela, ele o citou explicitamente, o atual presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Paulo Melo (PMDB). A deputada Clarissa Garotinho, que  também fazia parte da mesa, depois de dirigir algumas perguntas a Rangel  - afirmou que se informará mais sobre o assunto e não pretende deixar a denúncia de Rangel cair no vazio.

Fernando Peregrino, coordenador do seminário, por sua vez, cobrou providências:
“Um crime grave foi cometido nas eleições municipais deste ano, Rangel o está denunciando com todas as letras –  mas infelizmente até agora a Polícia Federal não tem dado a este caso a importância que ele merece porque  ele atinge a essência da própria democracia no Brasil, o voto dos brasileiros” – argumentou Peregrino.

Por ordem de apresentação, falaram no seminário o presidente da FLB-AP, que fez um histórico do voto no Brasil desde a República Velha até os dias de hoje, passando pela tentativa de fraudar a eleição de Brizola no Rio de Janeiro em 1982 e a informatização total do processo, a partir do recadastramento eleitoral de 1986.

A Dra. Maria Aparecida Cortiz, por sua vez, relatou as dificuldades para fiscalizar o processo eleitoral por conta das barreiras criadas pela própria Justiça Eleitoral; citando, em seguida, casos concretos de fraudes ocorridas em diversas partes do país – todos abafados pela Justiça Eleitoral. Detalhou fatos ocorridos em Londrina (PR), em Guadalupe (PI), na Bahia e no Maranhão, entre outros.

Já o professor Pedro Rezende, especialista em Ciência da Computação, professor de criptografia da Universidade de Brasília (UnB), mostrou o trabalho permanente do TSE em “blindar” as urnas em uso no país, que na opinião deles são 100% seguras. Para Rezende, porém, elas são “ultrapassadas e inseguras”. Ele as comparou com sistemas de outros países, mais confiáveis,  especialmente as urnas eletrônicas de terceira geração usadas em algumas províncias argentinas, que além de imprimirem o voto, ainda registram digitalmente o mesmo voto em um chip embutido na cédula, criando uma dupla segurança.

Encerrando a parte acadêmica do seminário, falou o professor Luiz Felipe, da Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que em 1992, no segundo Governo Brizola, implantou a Internet no Rio de Janeiro junto com o próprio Fernando Peregrino, que, na época, presidia a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). Luis Felipe reforçou a idéia de que é necessário aperfeiçoar o sistema eleitoral brasileiro – hoje inseguro, na sua opinião.

O relato de Rangel – precedido pela exposição do especialista em redes de dados, Reinaldo, que mostrou como ocorre a fraude dentro da intranet, que a Justiça Eleitoral garante ser segura e inexpugnável – foi o ponto alto do seminário.
Peregrino informou que o seminário  será transformado em livro e tema de um documentário que com certeza dará origem a outros encontros sobre o mesmo assunto – ano que vem. Disse ainda estar disposto a levar a denuncia de Rangel as últimas conseqüências e já se considerava um militante pela transparência das eleições brasileiras: “Estamos aqui comprometidos com a trasnparência do sistema eletrônico de votação e com a democracia no Brasil”, concluiu.


Fonte: Portal Partido Democrático Trabalhista (PDT)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

“FORA BURITI!”


Diferente da banda reacionária da Diocese de Santarém, alguns jovens ligados à Pastoral da Juventude manifestaram-se contra a presença da empresa Buriti nesta cidade.

No evento denominado Romaria da Juventude, realizado no dia 08/12 (dia de Nossa Senhora da Conceição), empunharam faixa pelas ruas de Santarém com a seguinte frase: “Mãe Imaculada, a juventude defende a vida no Juá e Amazônia. Fora Buriti!

sábado, 8 de dezembro de 2012

O quebra-cabeça na fala da elite e os investimentos em portos


Se lembrarmos dos fatos e falas pretéritas das elites e sincornizarmos com o que eles vomitam atualmente, constataremos um quebra-cabeça de suas tramoias. Pois, vejamos:

"Queremos uma explosão de investimentos no que se refere à expansão e melhoria dos portos, com a parceria com setor privado" (Dilma Rousseff, 06/12, sobre o Programa de Investimento em Logística: Portos – Medida Provisória n.º 595, de 06/12/2012).

A exploração indireta das atividades portuárias se dará meditante concessão e arrendamento (art. 1º, §1º). Em Santarém (PA) isso já acontece. A Cargill já se instalou, com as bênçãos da Companhia Docas do Pará (CDP) e da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará (SEMA), mas planeja, desde sua concepção a ampliação de seu porto privativo de escoamento da soja.

“Outros R$ 2,6 bilhões serão investidos em acessos hidroviários, ferroviários e rodoviários e em pátios de regularização de tráfego nos 18 principais portos públicos brasileiros. O Ministério dos Transportes entrará com R$ 1 bilhão e o restante será executado por Estados e iniciativa privada”. (Agência Pará de Notícias, 06/12).

A rodovia BR-163 já está sendo concluída; a ferrovia (Cuiabá-Santarém) já está a caminho, e o grupo interressado é o China Railway Engineering Corporation (CREC); quanto às hidrovias, é bem certo que sejam feitas eclusas anexas ao monte de hidrelétricas que, infelizmente, serão construídas.
O movimento APROSOJA entra nesse pacote: é um grupo de empresários ligados à soja que se mobilizam para melhorar a logística de transporte da soja.


Toda essa mobilização em benefício desse grão, comprovado nas palavras de Helenilson Pontes:
“O porto de Santarém, segundo Pontes, após a conclusão da Rodovia Santarém-Cuiabá, vai receber a produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro”. (Agência Pará de Notícias, 06/12).
“Só o porto de Itaituba, que nem está no programa anunciado hoje, tem dez grandes empresas interessadas” (Helenilson Pontes, 06/12).

Ao que tudo indica, uma dessas empresas é a Cargill que articula a construção de outros porto na cidade de Miritituba (frente de Itaituba). Em Santarém, Eraí Maggi, do Grupo Bom Futuro, já sinalizou, outrora, o interesse de construir outro porto nesta cidade.

“Que venham os investidores, pois o Pará tem infraestrutura e, principalmente, governo. Um governo interessado em atrair cada vez mais investimentos, que serão aplicados no bem-estar de nossa população”. (Helenilson Pontes, 06/12)

Por fim, a elite dominadora se apresenta como boa gestora, interessada no bem da população. Todas as atitudes desses governos medíocres nunca foram, segundo os mesmos, para o malefício do povo. São anjos no poder... Mentem! Pois, seus interesses estão compactuados com a elite econômica.
Os citados investimentos nunca foram para benefício ou bem-estar da população, contudo, para a transferência do dinheiro público para as empresas privadas.
Esse quebra-cabeça é a prova de que seus interesses fazem parte da engrenagem do sistema capitalista.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

APROSOJA em Santarém, por quê?

Em vários momentos de discussão sobre temas como "hidrelétrica", "soja" ou sobre a própria Cargill, um certo guru alertava os curupiras a indícios de que as decisões sobre o corredor da soja do Mato Grosso por Santarém eram discutidas por um grupo chamado APROSOJA

As hidrelétricas seriam apenas o começo desse processo de infraestrutura pro agronegócio e a APROSOJA teria o objetivo de tratar sobre a logística para a soja. Alertas à parte, o fato é que a empresa tem feito várias visitas à Santarém, sendo a última no final de novembro deste ano. Muito provavelmente apenas poucos grupos, certamente coniventes, devem ter conhecimento do que se tratam as visitas por estas terras.

Recebemos duas fotografias tiradas dos adesivos dos carros dos associados da APROSOJA quando encontravam-se parados para uma bela refeição em uma das peixarias de nossa cidade:




















Outro fato é que, com experiência própria, já sabemos os efeitos da soja na nossa região. Fica novamente o alerta para o processo de destruição pelo qual estamos passando. Se os "alertas" continuarem a se concretizar, estaremos assistindo à destruição da natureza e do modo de vida local em favor de um modelo desenvolvimentista e capitalista.

SEMA e Empresas mineradoras: cooperação duvidosa



Foi publicado hoje, 06/12/2012, no Diário Oficial do Estado do Pará, caderno 4, pág. 5, um Acordo de Cooperação Técnica (N.º do Termo: 003/2012-SEMA/PA), entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) e o Sindicato das Empresas de Mineração do Estado do Pará (SIMINERAL).

O objeto, segundo o Termo, é “proporcionar condições para o incremento e fortalecimento do setor ambiental, mediante a formação de parceria entre os representantes da iniciativa privada e o Poder Público para a realização de investimentos e ações que auxiliem no desenvolvimento da gestão ambiental realizada pela SEMA ”. O valor (custo) é inexistente e a vigência é de um ano.

A dúvida está estampada no objeto do Termo: Que tipo de incremento e fortalecimento do setor ambiental será realizado? Qual a formatação da parceria entre as duas partes? Quais ações serão realizadas? O que a SEMA entende por “desenvolvimento da gestão ambiental”? E, principalmente, qual o retorno que a SIMINERAL terá?

Esse é o modus operandi do governo Jatene: cooperar com a iniciativa privada, sempre de modo duvidoso, em vez de se dedicar ao seu papel fiscalizador. O sistema neoliberal capitalista é isso: o Estado à serviço do dono do capital.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Círio 2012 e a Buriti


Pela prisão da Buriti, rezemos ao Senhor!

No Círio da padroeira dos santarenos, edição 2012, a trupe de Antônio Rocha e cia. não ficou a sós em seu “automarketing”. Mais uma nova-velha empresa tirou vantagem do Círio: a Buriti.

Preocupada com o calor que passam os peregrinos em Santarém, distribuiu viseiras e ventarolas (foto) como forma de mitigar o desmatamento na área do Juá, às margens da Av. Fernando Guilhon (risos).


Os desatentos e alienados da destruição que essa empresa está causando em Santarém caminhavam com fé, rumo à Igreja Matriz. Seus corpos eram outdoors-vivos, espalhando a imagem “boazinha” da empresa. E eram vários pontos amarelos espalhados no mar da procissão...

Será que a Diocese de Santarém está de braços dados com a Buriti, “realizando seu sonho”? A sua logomarca será estampada no manto da imagem de Nossa Senhora da Conceição? Será que a igreja, mais uma vez, assistirá passivamente à autopromoção de empresas nocivas à sociedade?  

Oremos: Nossa Senhora, interceda pelos Padres e Coordenação da sua Festa, para que eles, mais uma vez, não vendam sua imagem às empresas que destroem o meio ambiente e servem ao capitalismo, como venderam em 2010 à Cargill. Rezemos ao Senhor!... Ah! Senhora, e se eles venderem, que eles pereçam no fogo eterno do inferno! (Senhor, atendei a nossa prece).

sábado, 1 de dezembro de 2012

Parquinho da Cargill pega fogo‏


No dia 25/11 (domingo) o dito Parque Vera Paz construído nas sobras
da área destruída pela Cargill pegou fogo


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Empresa responsável pela usina Belo Monte faz congresso para juízes

O circo está montado e o espetáculo vai custar caro.
O 21o. congresso de magistrados, que é organizado pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), contará com 16 patrocinadores. Entre eles, a empresa Norte Energia.
A Norte Energia, responsável pela futura e drástica operação de Belo Monte, é composta por empresas públicas, como a Eletrobras, e privadas, como a Vale.
Além da Norte Energia, houve apoio de bancos, empresas da área de energia e confederações patronais. 

Investimento?

A Norte Energia, que prontamente encarregou-se de montar um estande no evento, com distribuição de material sobre Belo Monte e um computador à disposição para consulta com fotos, mapa e outras informações sobre a obra, afirma que o patrocínio a eventos é 'uma prática da empresa, uma vez que entende a importância de integrar fóruns que contribuam para o debate sobre Belo Monte'.

Um debate pautado no modelo desenvolvimentista, com uma série de irregularidades, visto que a empresa responde a, pelo menos, 15 ações movidas pelo Ministério Público Federal e pela Defensoria Pública e com o seu final já amarrado.

O presidente da AMB, Nelson Calandra, afirma que não há conflito ético no apoio das empresas:
"Isso não compromete a imparcialidade. As empresas não patrocinaram porque querem ser beneficiadas. É um espaço publicitário e elas resolvem colaborar para ganhar exposição de mídia", diz o presidente da AMB.

Diante de tanta corrupção, irregularidades e falcatruas, será que esse discurso é realmente coerente? Ou esse patrocínio, de fato, mostra a verdadeira lógica da maneira pela qual os grandes empreendimentos são empurrados para a nossa região?

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) não tem uma norma sobre a participação de magistrados em eventos patrocinados por empresas, mesmo que elas sejam alvos de processos que possam ser de responsabilidade desses juízes. A ex-corregedora do conselho, Eliana Calmon, iniciou um debate sobre o tema, mas enfrentou a resistência de entidades representativas dos magistrados. E assim caminha Belo Monte...


Fonte: Folha de S. Paulo

O “Exército de Reserva” e Belo Monte


Foi na fase do capitalismo industrial na qual Karl Marx identificou que a economia capitalista necessita para sua manutenção de um “exército de reserva industrial”, uma reserva de trabalhadores pobres que serão usadas ao bel-prazer do dono do capital, na medida em que tenham que ser substituídos.
Podemos indicar alguns dos motivos pelos quais os trabalhadores são substituídos: quando não mais satisfazem os critérios impostos pela estrutura da indústria/empresa; quando não conseguem, fisicamente, exercer seu labor; quando apresentam divergências ideológicas às do patrão ou quando reclamam seus direitos trabalhistas, tornando-se funcionários abomináveis às intenções lucrativas do empresário.
E a construção da Usina de Belo Monte é emblemática para relacionar às observações de Marx.

As últimas reivindicações dos trabalhadores fizeram com que muitos se desligassem do quadro funcional. Alguns foram espontâneos, por não suportar mais os desrespeitos; outros compulsoriamente, por tornarem-se empecilhos à construção.
A princípio a empresa perderia com essas saídas, mas a desigualdade entre classes sociais é primordial para a manutenção do próprio capitalismo. A pobreza gerada, também, a partir do desemprego impulsiona que a fila do exército de reserva ande. E sempre haverá, neste sistema, a pobreza para que, assim, trabalhadores submetam-se a trabalhos humilhantes, como Belo Monte. São essas forças de trabalho que estarão concretizando os impactos ambientais gerados para sua geração e para as futuras.


Trabalhadores esperando transporte para Belo Monte

É o que representa a imagem (foto): trabalhadores que foram selecionados por uma empresa em Santarém à serviço do Consórcio Belo Monte, partindo da mesma cidade.
E o que os espera por lá? Obviamente, será o que ocorreu e ainda ocorrem em todas as construções de hidrelétricas: no mínimo, os desrespeitos pelos direitos trabalhistas; pressão psicológica; repreensão e um mínimo salário.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Estado para quê e para quem?


Texto publicado no jornal A Poronga - Informativo das Pastorais Sociais - Diocese de Santarém - Santarém, Pará. Edição: no. 05 - novembro de 2012. 



por Gilson Rego
CPT Stm



Este ano tivemos mais uma vez eleições municipais. O Estado nos obriga a votar e escolher pessoas que, supostamente, nos representarão dentro da estrutura burocrática do Estado. Em seus discursos, os candidatos juram atuarem em favor do povo. Acaba que muitos destes supostos representantes são pegos nos esquemas de corrupção mais escabrosos. Outros tentam justificar suas infrutíferas tentativas de ação em favor do seu eleitor pelas limitações dentro das estruturas do Estado. O resultado disto tem sido o total descaso com aqueles que sofrem nas filas de hospitais, desempregados, marginalizados, pobres e etc. O povo acaba se virando sozinho diante de tanta injustiça e desrespeito, enquanto que privilégios e abusos são noticiados diariamente dentro da estrutura do Estado. 

Esta realidade nos exige fazermos uma reflexão mais profunda sobre o papel do Estado, já que o poder público se materializa no Estado e, portanto, é a partir deste que são tomadas as decisões para resolverem os problemas sociais. 

Mas como resolver os problemas sociais se o Estado é um instrumento de classe? Muito embora o Estado seja apresentado pelo Sistema e seus pensadores como um instrumento de conciliação de classes, as suas decisões sempre se dirigem ao atendimento da classe que o controla, que é a classe dominante. O Estado surgiu como necessidade de se ter uma instituição para legitimar praticas de expropriação e garantir a apropriação privada da riqueza. Logo, os detentores das riquezas são aqueles que exigem do Estado a defesa de suas propriedades. Assim, temos a classe daqueles que detêm a riqueza e a classe dos despossuídos. Para garantir a propriedade, o Estado se posiciona ao lado da classe dominante, ou seja, dos possuidores da riqueza. 

Ao se posicionar ao lado da classe dominante, o Estado aumenta a desigualdade entre as classes. Para isto, é necessário legitimar as ações do Estado, pois é fundamental que toda a classe explorada passe a aceitar determinações impostas, e que esta imposição seja entendida como justas e que ainda possam parecer válidas para todos. Neste sentido, a dominação de uma classe sobre a outra se dá através das leis. 

As leis tornam-se os mecanismos pelos quais a classe dominante legitima suas ações contra a classe dominada. O Estado apresenta as leis como se elas fossem de interesse geral, mas na verdade, elas são a forma pelo qual o interesse da parte mais poderosa economicamente da sociedade (os proprietários) garante o processo de dominação sem a revolta da classe dominada. É por isto, que se algum grupo social se manifesta contra as injustiças praticadas pela classe dominante, o Estado se prontifica em aplicar as leis em nome da propriedade e aniquila qualquer tipo de manifestação. 

Podemos observar estas ações se verificarmos de modo nítido nas práticas do Estado neste atual momento de ocupação e colonização da Amazônia sob a onda impulsionadora do agronegócio, em dois níveis: na pessoa jurídico-política do Estado do Pará, e na pessoa jurídico-política do Estado brasileiro. Aliás, isso nada mais é do que a reprodução, em escala nacional, do que fazem os governos estaduais e a União, dentro da lógica do sistema capitalista, regulador das políticas públicas nos países burgueses, no sentido de garantir os direitos do empresariado contra os direitos de todo o povo, o que, no caso rural brasileiro, significa fazer valer os interesses do empresariado rural – os donos do agronegócio – contra as populações nativas que, em caráter imemorial, ocupam os espaços do agro, algumas delas, aliás, descendentes diretas do dono original da terra – o índio. 

Portanto, todos os conflitos relatados por moradores das nossas comunidades locais é o reflexo dessa atuação do Estado em favor do agronegócio. Mineração, hidrelétricas, soja são responsáveis pela destruição do bioma amazônico e pela violência cometida contra o povo da floresta, mas de que lado o Estado sempre se posiciona? 

Assim, entender o Estado significa entender os problemas sociais pelos quais vivemos. A CNBB tem apresentado alguns eixos de discussões na Semana Social, que estão ligados às realidades sociais em que nosso país se encontra, e desta vez, traz na sua 5ª Semana Social Brasileira uma reflexão sobre o Estado, com o tema: "Um novo Estado, Caminho para uma Nova Sociedade do Bem Viver – Estado para que e para quem?". Seria de grande importância se Dioceses, Prelazias e Paróquias mergulhassem nessa discussão de forma profunda, que pudesse permitir enxergarmos a realidade escondida pelos interesses da classe dominante e sua atuação dentro das estruturas burocráticas do Estado. Pois, somente com mudanças nas estruturas do Estado Brasileiro será possível alcançarmos uma sociedade do bem viver.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cargill e os Agrotóxicos Que Provocam Câncer


Os agrotóxicos, pesticidas e outros venenos usados nas plantações de soja permanecem nos grãos e, quando transportados, são jogados no ar e aspirados pelas pessoas, causando inúmeras doenças, que podem ir desde irritação nos olhos ao câncer.

Há muitos indícios desse tipo de problema, que já pode ser visto em cidades da Argentina que estão perto de regiões de portos que trabalham com a soja. São constatados casos de má formação de bebês, abortos, alergias, câncer e outras doenças*.

Recentemente, os comunitários de Boa Esperança relataram uma série de problemas referentes à saúde das pessoas que estão próximas ao uso indiscriminado de agrotóxicos, que incluem problemas graves de ressecamento de pele e mucosas até o alto índice de câncer.

Você já percebeu que quando a Cargill está embarcando a soja nos navios é visível uma “poeira” que entra em contato direto com a água e o ar? Pois esta poeira carregaria todos os tipos de venenos que podem vir a causar essas doenças.

Agora, a Cargill quer usar o campo da Vera Paz para fazer um estacionamento de caminhões que transportam a soja. Com isso, perguntamos: e o risco dessas doenças para as pessoas que moram em bairros próximos à Cargill?
Pense nisto.


*Fonte: Grupo de Reflexion Rural – www.grr.org.ar

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Destruição da área do Juá pela empresa Buruti

A História se repete e, mais uma vez, vemos a destruição de nossas terras protagonizada por mais uma empresa que, de ecológico, só tem o nome. A empresa Buruti desmatou a área em frente ao projeto "Minha Casa, Minha Dívida" - área essa que vai da Fernando Guilhon até o Juá. Trata-se de um triste atentado à biodiversidade através de um crime que foi legalizado.

A contradição, que mais parece praga: de um lado da Fernando Guilhon, as casas dos pobres, que, dentre outras consequências, sofrerão com o calor desse desmatamento; do outro lado, próximo ao rio, às praias, as casas dos ricos ou dos que podem pagar mais caro para ter uma vida digna.


Dois pesos, duas medidas: a ocupação daquela área feita individualmente por moradores resultou na expulsão dessas pessoas do local, feita pela polícia. Em contrapartida, ao condomínio Buruti, que se fez de um crime ambiental para construir seu grande empreendimento, cabe sua devida licença.

O condomínio Buruti representa, muito mais do que o tão aclamado "desenvolvimento para a região", a forma de como se dão os projetos desenvolvimentistas, que sempre se caracterizam pela dupla face da destruição e dos interesse dos mais ricos. A ex-prefeita, Maria do Carmo (PT) fechou seu mandato deixando esse "presente" para o futuro, que, com certeza, não será esquecido.

Seminário: "AMAZÔNIA: de quem é este território?"

Local: Auditório do Colégio São Raimundo Nonato
Data: 26 e 27 de novembro
Programação:

Dia 26/11/2012 – Segunda-feira
:

09 horas – Abertura e apresentações;
09.30 horas – “Quem ocupa a Amazônia?” – Prof. Alfredo Wagner
11 horas – Questionamentos
12 horas – Almoço (servido no local)
14 horas – Mesa com representantes dos grupos sociais: Quilombolas, indígenas, Pescadores, Assentados, extrativistas, atingidos por barragens...
16 horas – Lanche
16.30 horas – Discussão e perguntas
17.30 horas – Encerramento

Dia 27/11/2012 – Terça-feira:
09 horas – “Perspectivas da luta pelo reconhecimento dos Territórios na Amazônia” – Alfredo Wagner
10.30 horas – Lanche
11 horas – Encaminhamentos: Agenda de compromissos para 2013
13 horas – Encerramento

Comunidade denuncia aumento de incidência de doenças relacionadas ao uso de Agrotóxicos em Santarém

Os números oficiais de casos de câncer na Comunidade Boa Esperança tem preocupado os comunitários, que procuraram o Conselho Municipal de Saúde.
Os moradores relataram várias questões, como o uso indiscriminado de agrotóxicos nas grandes produções de monocultivo de soja, bem como a proximidade do linhão de energia e o escoamento de tucupi no solo.

Foi relatado também que, por conta do agrotóxico, as crianças que moram próximo às plantações de soja tem um ressecamento muito estranho na pele, danos sérios nas mucosas (nos olhos, em especial), além de problemas respiratórios.
O problema de saúde pública só tende a piorar, pois esse agrotóxico penetra na pele e nos órgãos internos através da respiração e do consumo de alimentos contaminados.
Para um especialista do renomado Hospital Regional, "não há por que se preocupar, pois os casos de câncer que ele avaliou não tem a ver com o agrotóxico".

O que realmente deve ser avaliado são as condições de saúde em que a população da comunidade se encontra, bem como a investigação das denúncias feitas por quem reside na região, que, inclusive, incluem sojeiros que jogam em qualquer lugar as embalagens dos agrotóxicos que utilizam.

Em reunião, foi encaminhado um encontro que será realizado para falar sobre as doenças que estarão provavelmente relacionadas com o agrotóxico na comunidade de Boa Esperança, no dia 14 de dezembro, no salão comunitário ao lado da Igreja do Bom Pastor, às 8h30.

DEU NO "UEA TIMES"

Em tempo, foi publicado o nome da Frente em Defesa da Amazônia (FDA) no Vestibular da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), edição 2010.

Hidrelétricas na Amazônia – “Nós, do Pará, não precisamos de mais hidrelétricas”.
“O governo vende a falácia da energia limpa como se só tivéssemos duas alternativas: ou a energia suja do petróleo ou a energia limpa dos rios. E como a Amazônia é riquíssima em rios, eles estão aproveitando. São mais de 58 projetos de hidrelétricas na Amazônia. Cada barragem incide numa inundação imensa rio acima, provocando um distúrbio na bacia do rio abaixo, além da expulsão dos ribeirinhos”, disse Padre Edilberto Sena, coordenador da Rádio Rural AM de Santarém, Pará, e membro da Frente em Defesa da Amazônia (FDA).

(www.portalamazonia-teste.tempsite.ws. Adaptado.)
De acordo com o texto, a construção de um grande lago artificial implica, na região,
(A)     o aumento da biodiversidade de peixes, visto que o lago formado propicia a inauguração de diferentes nichos ecológicos, que podem ser explorados por diferentes
espécies.
(B)     a retirada da totalidade dos seres vivos, antes da formação do lago, que serão transferidos para áreas semelhantes, mitigando os impactos causados pela alteração
do ambiente.
(C)     a redução do efeito estufa, devido ao crescimento de algas, melhorando muito a qualidade e oxigenação da água de lagos recém-formados
(D)     a inundação de áreas parcialmente desmatadas, ocasionando a decomposição da floresta submersa, que emite gases prejudiciais à atmosfera, como o metano, agra-
vando o efeito estufa.
(E)     a melhor distribuição de renda que um empreendimento desse porte proporciona para a população ribeirinha, devido ao grande e equilibrado desenvolvimento urba-
no e paisagístico da região

Referência: Questão 44, p. 16, Vestibular 2010, Acesso 2011, UEA.

P.S.: A título de informação e veracidade dos fatos, o prezado Pe. Edilberto Sena, por vontade própria, não participa mais da FDA. Contudo, fica registrado que, enquanto participou foi muito ativo e muitas de nossas ideologias ainda sincronizam.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

COMBATENDO O SISTEMA ELEITORAL EM SANTARÉM

Após a Campanha do Voto Nulo, destaca-se o Manifesto ao Voto Nulo, expomos alguns resultados importantes que demonstram que a população está de olhos abertos ao sistema eleitoral como parte do sistema capitalista.

Município: Santarém – PA

Eleitorado: 193.870
Apurados: 193.870 (100,00%)
Abstenção: 39.793 (20,53%)
Comparecimento: 154.077 (79,47%)

Votos: 154.077
Branco: 1.533 (0,99%)
Nulos: 4.322 (2,81%)
Soma: 5.855
Fonte: http://divulga.tse.jus.br/oficial/index.html

Então, somente nessa eleição, no município de Santarém (PA), foram 5.855 que disseram não ao sistema eleitoral e aos candidatos. São 5.855 votos conscientes. Esperamos que na próxima eleitção aumentemos esse “consciente eleitoral”.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Há possibilidades de fraudes nas urnas eletrônicas

  Uma equipe de especialistas em informática liderada por um professor da Universidade de Brasília (UnB) conseguiu quebrar ontem (21/3) o embaralhamento de votos que é feito dentro das urnas eletrônicas brasileiras – mostrando na prática que a máquina de votar em uso no país não garante o sigilo do voto, cláusula pétrea prevista no Artigo 14 da Constituição.  A equipe coordenada pelo professor Diego de Freitas Aranha conseguiu montar a sequência exata de votos dados por 485 eleitores simulados no decorrer da 2ª. edição dos Testes Públicos de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação Brasileiro promovidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em sua sede, em Brasília,  iniciados no último dia 20 e que terminam hoje (22/3).

O episódio foi testemunhado pela observadora do PDT junto ao TSE para acompanhar os testes, Dra. Maria Aparecida Cortiz, que também assistiu  a entrevista que o professor Diogo Aranha deu à TV Unb – anunciando o sucesso de sua equipe em quebrar a segurança da urna. Segundo Maria Cortiz, basta alguém, mesário ou um  fiscal de partido por exemplo, anotar os nomes dos eleitores pela ordem de votação nas secções, no dia da eleição,  para o sigilo do voto ser completamente  quebrado.

“Esta possibilidade  é grave porque o voto, além de universal, precisa ser secreto – isto é a base do sistema democrático”, argumentou a advogada, acrescentando ainda que o fato em si prova, de forma definitiva, que as críticas dos partidos políticos à fragilidade do sistema eleitoral brasileiro, como um todo, procedem.

Ela acrescentou:
“Os investigadores só tiveram acesso a uma parte do sistema, exatamente a máquina onde são depositados os votos, e conseguiram descobrir a ordem de entrada dos votos na máquina, o que permite saber quem votou em quem. Só que as fragilidades vão além – estão também no cadastro eleitoral, onde a existência de eleitores fantasmas é fato comprovado; e também na totalização – já que esta é fechada à fiscalização, sem acesso de ninguém.”



Onde está a tecla BRANCO?

O voto nulo possui o mesmo resultado do "voto em branco", contudo o VOTO NULO é uma atitude de não utilizar nenhuma das possibilidades dadas pelo sistema eleitoral, nem sequer o voto em branco. O Voto nulo é escondido pelo modelo eleitoral que temos, pois ele pode ser uma ameaça a toda essa falsa representatividade. Entretanto, atualmente temos uma propaganda sobre "conscientização" do voto limpo em que até o VOTO EM BRANCO (tecla BRANCO) foi alvo de desprezo pela notícia. Segue abaixo da figura, o link do vídeo sobre o voto.





terça-feira, 14 de agosto de 2012

MANIFESTO AO VOTO NULO


A história social do Brasil mostra que são crescentes os problemas do povo e que o Estado se preocupa sempre em mascará-los ao invés de resolvê-los. Isso poderia até ser uma surpresa para muitos, no entanto, sabemos que, dessa forma, o Estado está simplesmente cumprindo o papel para o qual foi criado: SER UM APARATO DE MANUTENÇÃO DA ORDEM VIGENTE, SEMPRE EM NOME DA CLASSE DOMINANTE.
É a partir dessa compreensão e da ideia de que sempre os interesses econômicos dominantes determinam as diretrizes do Estado, entre as quais, a política, que apresentamos este manifesto.
Entendemos que o processo de eleição de governantes do Estado é na verdade um jogo de cartas marcadas, onde os candidatos têm que se adequar ao sistema para ocupar algum cargo na administração pública, sempre defendendo os interesses dos grupos econômicos ou “curral eleitoral” que os conduziram ao poder em detrimento das necessidades do povo como um todo.
Desde que se consolidou a “democracia representativa” formal em nosso país, as pessoas receberam o “direito a serem obrigadas a votar”. Passa-se a impressão de participação popular nas decisões do Estado, repassando ao povo a responsabilidade se algo der errado. Por isso a expressão: “o povo tem o governo que merece”. Mas será que deve ser sempre assim? Existem outras formas de interferir sem votar em um candidato? Propomos o VOTO NULO! Não eleger governantes demonstrará no mínimo a nossa insatisfação e o nosso desprezo por esse sistema político-econômico que serve apenas para maquiar as desigualdades sociais do país. Desmascarar esse sistema é uma tarefa fundamental para que possamos superá-lo e utilizaremos seu próprio instrumento: o voto, que nesta dita democracia é obrigatório.
As pessoas que defendem a participação nas eleições como forma de transformação social, se apóiam na ideia de que sempre há candidatos honestos no meio dos maus políticos (logo, sempre há maus políticos). Outros sustentam ainda que a participação em pleitos, através dos ditos partidos de esquerda, pode contribuir na superação desse sistema. No primeiro caso, é evidente que não se pode negar a existência de candidatos possivelmente honestos, no entanto o sistema é desonesto e é o sistema que corrompe. No segundo caso, os partidos de esquerda utilizam esse discurso, pois de alguma forma pretendem se inserir, mesmo que como um elemento crítico, no seio desse sistema político. Uma pergunta é necessária: É POSSÍVEL VENCER UM INIMINGO JOGANDO COM AS REGRAS QUE O PRÓPRIO INIMIGO CRIOU?
O Sistema Eleitoral nada mais é do que o processo legal de manutenção do status quo, ou seja, garantir que o modelo de produção capitalista se mantenha. Para isto o sistema eleitoral não possibilita que as regras sejam mudadas. Portanto, os partidos que se dizem de esquerda sempre serão perdedores neste sistema. Por outro lado, o eleitor é convocado em todas as eleições a ajudar a melhorar este país escolhendo melhor seus candidatos. A verdade é que a cada pleito os grandes grupos defensores do modelo vigente se reforçam e ganham as eleições. A corrupção e abusos por parte destes grupos são recorrentes e tudo que os eleitores fazem é reclamar à frente da televisão quando uma das centenas de escândalos nos é apresentada. Então pensam: "na próxima eleição não voto mais naquele candidato" e redireciona o voto, mas não percebem que para o sistema o que vale é continuar acreditando que votando mudam-se as coisas; pobre engano.
Havemos de romper com este sistema eleitoral falacioso, que nos é apresentado como democrático ou como conquista. O VOTO NULO é uma alternativa para demonstrarmos nossa sagacidade e não permitirmos ser enganados a cada pleito eleitoral. É importante termos clareza que esta ideia será tida como inconsequente ou até como desvairada, mas veremos também que quem dirá isto serão aqueles que precisam do voto para si ou para seu candidato.
O VOTO NULO é escondido pelo modelo eleitoral que temos, pois ele pode ser uma ameaça a toda essa falsa representatividade. Ninguém deve dar seu poder de decisão a um político que na primeira oportunidade deixará de discutir com o povo para mergulhar nas burocracias do Estado e se tornar um eterno perdedor nas votações dos legislativos ou aderir ao grupo que sempre vence aquelas votações que colocam o povo no lugar mais marginal deste país.
Tecnicamente o VOTO NULO é uma marcação feita pelo eleitor que impossibilite que seu voto seja válido (para cédula de papel), ou a digitação de um número não correspondente a nenhum candidato ou partido cadastrado (para urna eletrônica). O VOTO NULO possui o mesmo resultado do “voto em branco”, contudo o VOTO NULO é uma atitude de não utilizar nenhuma das possibilidades dadas pelo sistema eleitoral, nem sequer o voto em branco. Por isso orientamos: PARA CÉDULAS DE PAPEL FAÇA UM “X” EM TODO O ESPAÇO DA CÉDULA E PARA URNA ELETRÔNICA, DIGITE DOIS ZEROS E APERTE A TECLA “CONFIRMA”.
Fato que não pôde ser ocultado foi no ano de 1994, em que a sociedade utilizou o VOTO NULO nas eleições para Deputado Federal para se manifestar contrária ao sistema e conseguiram anular 25,2% dos votos.
Entre os motivos já expressos, propomos o VOTO NULO reafirmando que:
  • A democracia festejada desde a Constituição Federal de 1988, não é real, mas disfarçada com direitos mínimos e não máximos.
  • O voto como instrumento do sistema eleitoral não evoluiu, mas se adaptou para a manutenção desse sistema.
  • A “democracia” é tão falseada que há eleição para o Poder Executivo (presidente, governadores e prefeitos), para o Poder Legislativo (senadores, deputados federais/estaduais e vereadores), mas não há eleição para o Poder Judiciário (juízes, promotores, procuradores e ministros), que, em tese, é aonde se deve realizar a “justiça”.
  • O VOTO NULO em grande quantidade demonstrará o repúdio da sociedade ao sistema posto e aos males sociais conseqüentes desse sistema.
  • Não acreditamos que a urna eletrônica não possa ser manipulada como propalado pela Justiça Eleitoral, pois, praticamente, todo sistema computacional é passível de ser violado.
  • As empresas de comunicação interferem nas eleições manipulando os eleitores, direcionando a atenção aos candidatos que lhes convêm.
  • A propaganda eleitoral é uma verdadeira antidemocracia, como por não propiciar o mesmo tempo no rádio e na televisão a todos os candidatos.
  • O sistema é tão pernicioso que blinda os políticos levando à impunidade na justiça quanto aos crimes por eles cometidos. Como por exemplo, a lei da ficha limpa, construída e conquistada pelo povo, foi modificada pelo sistema para impedir que fosse aplicada aos políticos com vida pregressa suja.
  • Não colocaremos no poder uma pessoa que será altamente remunerada com salário e diversos privilégios e regalias, enquanto o povo padece na miséria.
  • Não depositaremos mais o futuro da nossa vida, nem de nossos filhos, nas mãos de um punhado de pessoas, sem a possibilidade de decidirmos por nós mesmos.
  • Os programas de governo divulgados na propaganda eleitoral são meras falácias, nas quais o candidato mentirá à vontade, pois não é obrigado em executar o que foi prometido.
  • As decisões de fato são realizadas em instâncias maiores como as instituições internacionais, a exemplo da Organização Mundial do Comércio, por isso, a soberania inexiste e a democracia é falsa.
  • Partido e político é tudo igual. Todos os partidos possuem apenas um estatuto que direciona sua ideologia, mas na realidade, no cerne do partido há várias facções na luta gananciosa pelo poder. E são os partidos que decidem pelo candidato eleito.
  • Não compactuaremos com um sistema que perpetua um modelo de político corrupto, oligárquico, muito menos, um governo composto pelos chamados “cargos de confiança”, com pessoas indicadas sem o menor conhecimento para a pasta a sua disposição.
  • O movimento VOTO NULO é mundial, faz parte de uma indignação do povo, considerando que o problema é sistêmico.
  • Foram realizadas diversas eleições federais, estaduais e municipais após 1988, e está mais do que constatado: A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA NÃO VINGOU E NÃO ADIANTA CONTINUAR TENTANDO.
Dito isto, nos manifestamos em oposição ao sistema eleitoral, político e econômico antidemocrático e lutamos por um sistema que inclua a povo como ator principal e não como mero eleitor coadjuvante. O sistema representativo está saturado. A democracia não vingou plenamente.
O VOTO NULO é uma alternativa para o começo de uma mudança concreta. Vote consciente, vote nulo!

                                                        Amazônia, agosto de 2012.

                                                   Frente em Defesa da Amazônia

terça-feira, 12 de junho de 2012

A GREVE QUE A TV NÃO MOSTRA

Abaixo, texto de Roberto Leher e Marcelo Badaró Mattos, sobre a situação da greve docente nas IFES e o manobrismo governista protagonizado pelo PROIFES.

DOCENTES CONTRA ZUMBIS

GREVE DOCENTE DE 2012 É UM VIGOROSO MOVIMENTO CONTRA O SINDICALISMO DE ESTADO NA VIDA UNIVERSITÁRIA


Roberto Leher – UFRJ

Marcelo Badaró Mattos - UFF


            Um espectro daninho ronda o sindicalismo brasileiro há mais de oitenta anos: o sindicato de Estado. Um morto, como veremos, muito vivo! Em todos os países que viverem ditaduras fascistas ou aparentadas ao fascismo e que adotaram modelos sindicais corporativistas (de sindicalismo vertical, sindicato único, umbilicalmente ligado e controlado pelo Estado), o sindicalismo de Estado foi superado nos processos de redemocratização. No Brasil, pelo contrário, esse zumbi sobreviveu a dois processos de redemocratização, distantes 40 anos no século XX. A razão fundamental para a manutenção da estrutura do sindicato oficial está em sua funcionalidade para a classe dominante brasileira.Não é pouco significativo  o fato – inerente a sua lógica de funcionamento – de que tal estrutura se sustenta e é sustentada por uma casta de dirigentes sindicais burocratizados, que fazem do sindicalismo meio de vida e atuam, antes de mais nada, para manterem-se à frente do aparato objetivando o usufruto do poder e das vantagens materiais que ele oferece.
           Entre fins dos anos 1970 e meados dos anos 1980 ocorreu um forte impulso pela autonomia sindical. As oposições sindicais e os trabalhadores que empreenderam lutas realizaram uma dura crítica à estrutura do sindicalismo de Estado. Esta fase de retomada das mobilizações da classe trabalhadora brasileira na luta contra a ditadura militar ficou conhecida como “novo sindicalismo”. Como outras categorias, especialmente do funcionalismo público, os docentes universitários fundaram sua organização de caráter sindical – ANDES (depois da Constituição de 1988, ANDES-SN) – naquele contexto, e mantiveram com muita ênfase seu compromisso com um modelo sindical autônomo, combativo e classista, mesmo quando (a partir dos anos 1990) o “novo sindicalismo” viveu um nítido refluxo.
            Entretanto, o peleguismo do sindicalismo oficial, um verdadeiro gato de sete vidas, se imiscuiu entre os docentes de ensino superior a partir dos anos 2000, como sempre puxado pela mão do Estado paternal sempre disposto a tutelar os trabalhadores considerados um contingente “sempre criança” . O espectro ganhou um nome, que alguns por superstição, outros por aversão, se recusam a pronunciar, mas que, como todo fantasma de verdade (sic) não desaparecerá simplesmente se fecharmos os olhos fingindo que ele não existe. Tratamos do PROIFES.
            Algo muito interessante, no entanto

É GRAVE

Sala de aula do Bloco "Laranjão" no Campus UFOPA Tapajós.

"A empresa terceirizada contratada pelo Seixas parece que está em greve também."

quinta-feira, 31 de maio de 2012

NOTA DE REPÚDIO À REITORIA DA UFOPA


NOTA DE REPÚDIO À REITORIA DA UFOPA

Diante dos recentes fatos ocorridos na Universidade Federal do Oeste do Pará e da nossa participação como resistência nesse processo conturbado pela maneira como foi imposta essa universidade na nossa região, lançamos aqui um alerta à necessidade de resistência contra os desmandos que nela se praticam em nome de uma falsa excelência científica.
A UFOPA já nasceu sob um signo autoritário, com a nomeação autocrática de um reitor pro tempore sem definição de prazo ou condições de permanência. O indicado, José Seixas Lourenço, tem-se revelado, pelo que percebemos, muito mais uma pessoa preocupada em manter-se no cargo, por não ter se preocupado pelo processo de eleições diretas para reitor, por exemplo, bem como um desconhecedor dos problemas sociais da nossa Região.
Enquanto a UFOPA acabou sendo formatada pelo atual reitor segundo um modelo muito mais propenso ao ôba-ôba acadêmico e ao ensino a granel, sem definir parâmetros institucionais de formação, as representações discentes e a sociedade local tentam cobrar-lhe coerência, ao que ele e seus auxiliares respondem com a ausência de diálogo, o silêncio e a cooptação de frações do movimento social, cujas adesões carecem inteiramente de clareza quanto às suas razões.
           
Seixas Lourenço: professor ou tecnocrata?

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Aprovada reforma do Código Florestal. Ruralistas impõem derrota ao governo

Após 13 anos de tramitação no Congresso Nacional, a reforma do Código Florestal passou pela última etapa de votação ontem na Câmara com uma importante derrota para o governo Dilma Rousseff. A derrota só não foi maior porque os ruralistas se viram impedidos de garantir anistia ampla para os desmatadores, conforme desejavam. A recuperação das áreas desmatadas – principal polêmica que opôs ambientalistas e ruralistas – será objeto de novas batalhas no Congresso.
A reportagem é de Marta Salomon e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 26-04-2012.
O novo Código Florestal, que segue para a sanção da presidente, determina que propriedades rurais com rios de até 10 metros de largura terão de recuperar uma faixa de 15 metros em cada margem. Há atenuantes nessa regra para os pequenos produtores. Mas o texto é omisso sobre o que fazer com propriedades que têm rios mais largos.
Os efeitos dessa omissão dividem a opinião de especialistas. Para representantes do agronegócio, as demais Áreas de Preservação Permanente (APPs) serão recuperadas com base em regras a serem definidas pelos Estados. Para técnicos do governo, poderá valer a regra geral aprovada para a proteção das margens de rios, que prevê entre 30 metros e 500 metros de vegetação ripária, dependendo do tamanho dos rios.

Indígena é constrangido em frente a sua mulher e suas filhas no congresso nacional

O índio guarani Araju Sepeti, após interromper por mais de uma vez o voto do ministro Luis Fux, foi expulso na tarde desta quinta-feira do plenário do Supremo Tribunal Federal. Hoje é o segundo dia do julgamento sobre a política de reserva de cotas raciais nas universidades brasileiras. 
Enquanto ministro Fux elogiava a política de cotas para negros, Sepeti, que estava sentado no auditório, passou a gritar, pedindo que os indígenas também fossem citados nas falas dos ministros.
Ele foi advertido pelo presidente do tribunal, ministro Ayres Britto, mas continuou a falar alto e interromper a fala de Fux. Britto, então, mandou aos seguranças que retirassem Sepeti, que estava acompanhado de sua mulher e duas filhas, uma delas ainda bebê.
Sepetii resistiu e foi arrastado para fora do tribunal, gritando que seu braço estava sendo machucado. Sua filha e sua mulher também gritavam e chamavam os seguranças de "racistas" e "cavalos". "É assim que tratam o índio no Brasil", afirmou Sepeti.
"A democracia tem seus momentos que ultrapassam a dose", afirmou o ministro Fux após a expulsão de Sepeti. 
"Vocês violam os direitos de todos e não respeitam a Constituição. O Brasil é composto de três raças: raça indígena, raça branca e raça negra. E esses safados [seguranças] não respeitam", afirmou Sepetii.
O julgamento do Supremo, que começou ontem, é sobre o processo ajuizado pelo DEM (Partido dos Democratas) contra as cotas implantadas na UnB (Universidade de Brasília), que reserva 20% das vagas para negros e pardos. Outro processo relacionado a esse, que questiona o ProUni e suas cotas para indígenas, deve ser julgado em breve.


 
Fonte: Folha.com