sexta-feira, 15 de julho de 2011

Vocalista da banda Scambo faz protesto em show e leva movimento contra a construção da Usina de Belo Monte ao palco

 Durante o show da banda Scambo ocorrido na noite deste domingo (10) no Bahia Café Hall, o grupo investiu num manifesto organizado na internet e levou pessoas do movimento contra a usina hidrelétrica de Belo Monte a expor sua indignação.  O cantor contou que a produção do evento não sabia do rápido protesto até porque o que ele fez, como artista, foi manifestar posição contrária a do governo. E ato político não precisa de autorização. A música encaixou perfeitamente com o protesto contra Belo Monte: “A voz da minha gente se levantou/ e a minha voz junto com a dela/ tenho certeza que os donos da terra/ ficariam muito mais contente/ se não ouvisse a minha voz/ a minha voz não pode muito/ mas GRITARR../ e eu bem gritei… eu bem gritei.. bem gritei / ‘é um tempo de guerra, é um tempo sem sol…’”.


O grito de guerra do movimento na capital baiana levou muitos fãs da banda a aplaudir a atitude. Num ato simbólico, o vocalista Pedro Pondé quebrou um aparelho de televisão para protestar contra a falta de informação e formação do veículo. “Minha função é informar, já que a TV não informa”, afirmou ao Bahia 247. O cantor contou que a produção do evento não sabia do rápido protesto até porque o que ele fez, como artista, foi manifestar posição contrária a do governo. E ato político não precisa de autorização.
Durante a intervenção, os membros da banda começavam a tocar ‘Carcará’. A música encaixou perfeitamente com o protesto contra Belo Monte: “A voz da minha gente se levantou/ e a minha voz junto com a dela/ tenho certeza que os donos da terra/ ficariam muito mais contente/ se não ouvisse a minha voz/ a minha voz não pode muito/ mas GRITARR../ e eu bem gritei… eu bem gritei.. bem gritei / ‘é um tempo de guerra, é um tempo sem sol…’”.
E gritou: Belo Monte, não! “Para provar que baiano não é burro, não é acomodado e não é preguiçoso, aqui temos o movimento contra Belo Monte também”.
Prejuízos
Movimentos sociais, lideranças indígenas e Ministério Público são contrários à usina por considerar que ela vai levar sérios danos à comunidade e natureza local. Os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados e os índios da região reclamam que não foram consultados. Pessoas contrárias afirmam se tratar de um desastre anunciado.
Basta lembrar a Usina Hidrelétrica de Balbina (AM), idealizada na ditadura militar e inaugurada em 1989. Na época, ela custou US$ 1 bilhão e inundou 2,6 mil quilômetros quadrados de florestas nativas, criando um dos maiores lagos artificiais do mundo. Como consequencia, aproximadamente um terço do total da população indígena Waimiri-Atroari teve que ser transferida para outras partes da Reserva Indígena. As águas do imenso lago estavam produzindo apenas de 120 MW a 130 MW de energia. Este ano, a última comporta foi fechada. As comportas são abertas quando aumenta o regime de chuva na região, como aconteceu no mês de maio.
E Belo Monte não passou despercebida pela estupidez humana. A Bacia Hidrográfica do Rio Xingu corre o risco iminente de se tornar um depósito de megavates caro – social e ambientalmente insustentável. Ela está projetada para se tornar a segunda maior do país, atrás apenas da binacional Itaipu, mas, como nem tudo são flores, a verdade é outra. A Eletronorte, empresa que vai operar usina hidrelétrica de Belo Monte, vende seu peixe afirmando que a usina funcionará com 11.182 MW de potência. No entanto, é sempre importante ressaltar, só vai operar com esta potência durante três meses do ano. Nos demais meses, a água disponível vai possibilitar energia firme de 4.670 MW, com capacidade de pouco mais de 40%. Isso torna essa energia caríssima para viabilizar o investimento total.
O Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) faz denúncias de violação dos direitos humanos, afirmando que haverá impactos para a saúde, meio ambiente, cultura e o possível deslocamento de comunidades indígenas. Em junho deste ano, o movimento enviou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma petição na qual lista as supostas ilegalidades cometidas no processo.

Fonte: www.bahia247.com.br

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