quarta-feira, 27 de julho de 2011

Rios em péssimas condições

Em detrimento da preservação de 12% de água doce - localizada na Amazônia - da superfície nacional, o Estado prefere as construções de hidrelétricas.
Um quarto da água dos rios, lagoas e mananciais do país é qualificada como ruim, péssima ou regular, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), que divulgou ontem o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil.  


Um quarto da água dos rios, lagoas e mananciais do país é qualificada como ruim, péssima ou regular, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), que divulgou ontem o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil. Pesquisa feita em 1.747 pontos de monitoramento apontou queda significativa na qualidade da água usada pelos brasileiros. O estudo traz a situação mais atualizada com dados coletados em 2009.



Os valores médios do Índice de Qualidades das Águas (IQA), demonstrativo que reflete principalmente a contaminação da água por esgoto doméstico, apontou, em 2009, segundo a ANA, uma condição ótima em 4% dos pontos de monitoramento; boa em 71%; regular em 16%; ruim em 7% e péssima em 2%. Um ano antes, em 2008, os números eram: 10% de qualidade ótima; 70%, boa; 12%, regular; 6%, ruim e 2%, péssima. Em 2008, foram analisados 1.812 pontos e em 2009 1.747.



Segundo o estudo, os pontos que apresentaram qualidades de água péssimas e ruins se encontravam, em sua maioria, nas proximidades de grandes cidades, como São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador. O motivo é o lançamento de esgotos domésticos sem tratamento.



O especialista em recursos hídricos da Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos da agência, Alexandre Lima, explicou que, embora o Brasil tenha atualmente 12% de toda a água doce disponível na superfície do planeta, a maioria do potencial hídrico nacional, 81%, está concentrado na Região Hidrográfica Amazônica, longe dos grandes centros urbanos.



"Há áreas sensíveis, em geral, nas proximidades das maiores regiões urbanas, mas também há áreas em que tivemos melhoras expressivas, principalmente, onde se investiu mais em saneamento básico", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.



Nos estudos para a obtenção de energia, foram concluídas análises de 17 aproveitamentos hidrelétricos em 2010, com potencial a ser instalado de 3.448 megawatts (MW) nos próximos anos. A produção efetiva de energia do país aumentou em 6.758 MW em 2010, sendo 2.093 MW referentes à geração hidrelétrica. A hidreletricidade corresponde a 72% da capacidade instalada da matriz energética brasileira.



O país registrou situação de emergência ou estado de calamidade pública, devido à ocorrência de cheias, 563 municípios no ano passado. Foram 26 alagamentos, 57 inundações, 518 enchentes e nenhuma enxurrada no ano passado. O total de eventos desse tipo foi de 601, contra 1.091 em 2009.



Os Estados mais afetados foram Santa Catarina (144 municípios), Rio Grande do Sul (144), Bahia (65), Paraná (46) e São Paulo (44).



Por causa de eventos de seca, 521 municípios declararam situação de emergência no ano passado. Foram registrados 807 casos de estiagem e 69 de seca em 2009. No ano passado, foram 490 de estiagem e 93 de seca. Houve uma concentração de registros nos Estados do Piauí (109 municípios), Minas Gerais (88), Ceará (82) e Bahia (77).



"Estamos registrando eventos climáticos atípicos no país e isso mostra a importância maior ainda de se monitorar os recursos hídricos. Não podemos evitar desastres, mas podemos nos prevenir contra eles", disse a ministra do Meio Ambiente.



Para o Secretário Nacional de MUDANÇAS CLIMÁTICAS, Eduardo Assad, as informações também são fundamentais para ajudar no direcionamento de investimentos contra tragédias. "Mortes podem ser evitadas, se o sistema funcionar. Por isso é uma informação importante para avançarmos na qualidade do serviço", disse.






Fonte: Valor econômico





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