Para toda tomada de decisão política se deve levar em consideração sobre em que conjuntura estamos vivendo, afim de que os resultados não sejam desfavoráveis para o conjunto da sociedade e possa vir a beneficiar apenas uma pequena parcela de oportunistas, como ocorreu com a criação do Estado do Tocantins, apropriado pela família Siqueira.
Nós acreditamos que a criação do Estado de Carajás neste momento só vai favorecer um pequeno grupo de políticos ultrapassados, ultraconservadores, reacionários, empresários dos mais diversos mais diversos segmentos e latifundiários, enquanto os trabalhadores do campo e da cidade continuarão subalternados, submetidos à produção de riquezas sem delas usufruir.
As riquezas, nestas região, ainda são produzidas a base da apropriação e exploração dos bens naturais (solo, subsolo, floresta e água), através do tráfico, da especulação, da sonegação de impostos, da exploração intensiva da força de trabalho, do trabalho escravo, da especulação, dos desvios dos recurso públicos, e do uso da opressão e assassinatos de trabalhadores. Foram mais de 600 trabalhadores assassinados nos últimos 30 anos.
Os argumentos levantados pelos oportunistas de plantão, de que o problema é que tudo vai para Belém, que o centro do governo está distante da região, de que a região está abandonada, e que com a riqueza que tem no sul e sudeste do Pará o povo vai melhorar de vida, não se sustentam.
Muito pouco vai mudar, porque vivemos num país federalizado onde as políticas são definidas no planalto central, pelos blocos, como no carnaval: o bloco dos evangélicos, o bloco dos latifundiários, o bloco dos industriais , o bloco dos banqueiros, o bloco da mineração, e o bloco que unifica, o do fisiologismo e da corrupção.
Se o centro do governo está distante da região e a mesma está abandonada, então o que fazem os deputados além de aumentar seus patrimônios? Como que o povo vai melhorar de vida se a renda continuará concentrada na mãos de poucos? Como vai melhorar a saúde e educação se a situação é nacional e não apenas paraense?
Para se chegar ao estágio de criação do Estado de Carajás, com menos desigualdades, os trabalhadores precisam desenvolver muitas lutas, para destruir os latifúndios e democratizar o acesso à terra, precisam tirar da Vale o poder que ela tem sobre a região, e imprimir uma outra lógica para a exploração mineral, que seja para fins de geração de bem-estar à população e não apenas de interesse comercial.
Hoje quem se beneficia com a exploração mineral feita pela Vale são seus executivos, os acionistas proprietários das ações preferenciais, aquelas que dão direito a participação no lucro da empresa, e grupos locais diretamente envolvidos em atividades econômicas necessárias para os projetas da empresa.
Precisamos lutar por uma reforma política que garanta aos cidadãos e cidadãs instrumentos capazes de evitar que os recursos públicos sejam apropriados indevidamente pelos gestores e seus chegados, como vem ocorrendo atualmente, sem que a sociedade participe dos benefícios.
E por fim temos que entrar na discussão entendendo que o interesse pela criação do Estado de Carajás se trata de interesse de classe, e que a classe trabalhadora não pode aceitar criar o Estado na atual conjuntura, porque será um Estado novo dirigido pelas velhas raposas.
Por isto nós dizemos NÃO à criação do Estado de Carajás, e convidamos a todos(as) aqueles e aquelas que acreditam que a construção de um novo mundo seja possível, a também dizer NÃO.
Marabá-Pa, 07 de junho de 2011
CAFAR - Coletivo Amazônia de formação e Ação Revolucionária / FEAB - Federação
de Estudantes de Agronomia do Brasil / Movimento Debate e Ação /
CEPASP - Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular.
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