quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dom Erwin Kräutler reafirma posição contra Belo Monte


“Luto contra Belo Monte há 30 anos”, disse o bispo da prelazia do Xingu, dom Erwin Kräutler, na terceira coletiva de imprensa, realizada na tarde da última sexta-feira, em Aparecida (SP).  O bispo reafirmou mais uma vez a sua opinião contrária a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo erguida no rio Xingu, no estado do Pará.  O bispo disse que o atual governo brasileiro não está se preocupando com as causas indígenas.
 
“Desde o Governo passado a causa indígena não é levada a sério.  Pelo que percebo a atual presidência também não está ligando muito, pois ignora insistentemente os nossos apelos e as nossas cartas.  Desde 1982, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), do qual sou presidente, é o braço indigenista da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).  Graças a Deus estamos lutando pela causa indígena, e a CNBB nos apóia e endossa a nossa luta, porque é uma instituição que valoriza a vida”, disse dom Erwin citando o apoio da CNBB contra a construção de Belo Monte.
 
 
Dom Erwin Kräutler apresentou também um balanço de ameaças das causas indígenas que o CIMI está, segundo o bispo, preocupado.  “Há 182 terras indígenas ameaçadas no Brasil por todos os tipos de atrocidades.  108 povos estão em estado crítico.  O projeto de Belo Monte prevê a construção de uma barragem principal no rio Xingu, localizada a 40 km abaixo da cidade de Altamira (PA), da qual sou bispo.  Se isso acontecer, 1/3 da cidade ficará embaixo d’água caso ‘Belo Monstro’ seja construída.  O Governo precisa nos ouvir”, enfatizou.
 
O bispo ressaltou que não está só nesta “luta”.  Para o bispo prelado do Xingu, tanto ele quanto a sociedade civil e organismos internacionais estão sendo sistematicamente ignorados.  “A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) solicitou oficialmente que o Governo brasileiro suspenda imediatamente o processo de licenciamento e construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, citando o potencial prejuízo da construção da obra aos direitos das comunidades tradicionais da bacia do rio Xingu.  Tenho a total convicção e estudo de renomados professores e instituições internacionais que Belo Monte dará um prejuízo, não apenas ecológico, humano, social e cultural, como também financeiro”, finalizou dom Erwin Kräutler.

Fonte: Aliança dos 4 rios

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