quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Gleba Nova Olinda: Madeireira ameaça indígenas e servidores da FUNAI em Santarém

O longo conflito causado por madeireiros e grileiros na gleba Nova Olinda em Santarém, Pará, contra a população indígena local tem novo capítulo.

Nesta sexta-feira (03 de agosto) chegará na terra indígena Maró, Aldeia Novo Lugar (145km de Santarém), o GT (Grupo de Trabalho) de Identificação e Delimitação de Terra Indígena, formado por servidores da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Esse GT tem como objetivo delimitar a área da Aldeia Borari para o poder público regularizar o território para os indígenas, uma vez que vivem historicamente na região.

Mas, um grupo armado contratado pela empresa "RONDOBEL Madeiras" ameaçam inviabilizar os trabalhos, inclusive com ameaças aos funcionários da FUNAI, denuncia o cacique Odair José, conhecido na região como Dadá Borari.

Odair Borari foi ameaçado de ser executado nesta sexta-feira. A sua participação na reunião marcada pelo GT da FUNAI seria um sinal para os capangas matá-lo. Portanto, nesta sexta feira poderá ocorrer o assassinato do cacique.

Repetição
Não é a primeira vez que a madeira RONDOBEL pratica atos de violência na gleba Nova Olinda. Em julho de 2008, outra equipe da FUNAI encarregada de realizar a identificação e delimitação da área foi impedida de realizar os trabalhos.

Na ocasião, os capangas contratados pela empresa madeireira RONDOBEL ameaçaram de morte os funcionário da FUNAI e inviabilizaram a conclusão do trabalho.
A equipe de agora tenta agora concluir esse trabalho.

Conivência
A atuação da empresa RONDOBEL é tida como irregular pelos indígenas que denunciam que a madeireira atual há anos na região sob a conivência do poder público, expulsando os camponeses e indígenas e devastando agressivamente os ecossistemas de florestas tropicais.

No ano passado, uma grande carga de madeira foi apreendida e duas balsas foram incendiadas .
As terras ocupadas pelos indígenas foram arrecadadas pelo Instituto de Terras do Pará (ITERPA), sendo a maior parte formada por terras legalmente não destinadas. Mesmo assim, grileiros e madeireiros se instalaram na região cooptando parte das comunidades ribeirinhas e agindo com violência contra as populações indígenas.

O governo do estado promoveu ainda em toda a gleba, inclusive em áreas de ocupação indígena, permuta de títulos dados em outras áreas do estado e anuências em contratos para exploração madeireira.

O clima de violência resultou em duas agressões contra o cacique Dadá Borari, além de inúmeras ameaças de morte. Embora faça parte do programa estadual de proteção policial para pessoas ameaçadas, Dadá Borari encontra-se desprotegido, pois o governo do estado do Pará (Ana Júlia Carepa-PT) não está pagando as diárias dos policiais que executam esse trabalho.
Ao mesmo tempo, suspeita-se que os capangas armados que estão se dirigindo para a região sejam policias civis.
Apoio
É necessário neste momento denunciar o clima de tensão na região e a conivência da governadora Ana Júlia Carepa com todo esse processo.
Ao mesmo tempo, é preciso assegurar a segurança dos indígenas e dos servidores da FUNAI, a fim de concluir os estudos necessários para a delimitação da terra indígena.

Contatos:Prof Gilson Costa – Dr. Sociologia-Universidade Federal do Pará/Santarém.
amazongil@yahoo.com.br - 93.8115.0124
Prof Gilberto Rodrigues – MsC. Filosofia – Universidade Federal do Pará/Santarém.
gilbertocesar@gmail.com - 93.9199.0212
Odair Borari - Cacique Borari
 
Fonte: Blog do Cândido
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