Um mercado mundial de compra e venda de água, baseado no sistema da bolsa de mercadorias. Essa é a proposta do presidente da Nestlé, Peter Brabeck, para ajudar a resolver o problema de carência de água, que segundo ele, deve acabar antes mesmo do petróleo.
Para o coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, essa declaração mostra que a Nestlé e outras transnacionais querem avançar no processo de privatização da água.
“Primeiro busca-se criar um clima de escassez de água, que tem um discurso ideológico por trás disso, que é pra tentar determinar um preço internacional pra água. E a partir disso, desencadeia todo um processo de privatização da água”.
A declaração do presidente da Nestlé foi dada antes de uma audiência para pesquisadores, na cidade de Genebra, na Suíça. O modelo em que se baseia essa proposta de comércio de água é o das commodities, utilizado para gêneros agrícolas e minérios. Nesse sistema, a produção se dá em larga escala e o comércio é em nível mundial. Os produtos são negociados em bolsas de mercadorias internacionais, que é onde se define o preço de cada item.
O interesse das corporações do ramo de alimentos em controlar a água é fundamental para o controle de preços de seus produtos e de seus lucros, como comenta o coordenador do MAB.
“Essas grandes corporações, entre elas a Nestlé, atuam como um monopólio privado internacional e que elas têm o objetivo principal de controlar o processo produtivo dos alimentos líquidos”.
Fonte: MAB - Movimentos dos atingidos por barragens
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