Uma notícia de hoje chama a atenção, isto é, a Central Única de Trabalhadores, CUt, que não é mais única, por causa de várias dissidências e surgimentos de outras centrais, promove em Santarém, um estudo formativo para sindicatos de trabalhadores. Pela informação, ainda não é para sindicalistas, mas para direções de sindicatos. Já é um passo adiante, pois pode ser que a partir daí, os sócios dos sindicatos venham a ter também formação sindical. Só em Santarém há mais de 25 sindicatos de trabalhadores, de várias categorias. A maioria, quase desconhecida da sociedade. Pelo que se sabe, também a maioria dos trabalhadores não se liga nos sindicatos de sua categoria, eles e elas desconhecem as vantagens desse instrumento de luta no mundo do trabalho. É compreensível tal situação, já que os sindicatos perderam muito de seu sentido ideológico da luta de classes.
Já foi o tempo em que sindicato era respeitado e até temido pelos patrões. Esta força se perdeu por vários motivos, entre os quais o excesso de mão de obra e a esperteza do mundo das empresas e patrões; outra razão tem sido a falta de espírito corporativista das direções sindicais, que facilmente se apelegam, ou utilizam a direção sindical como trampolim para a política partidária. A própria CUT que já foi a mais poderosa força sindical no Brasil, hoje não tem mais capacidade de unir num enfrentamento com patrões, seus sindicatos associados. Foram surgindo dissidências, novas centrais sindicais, com tendências políticas diferentes e a classe trabalhadora se enfraqueceu. Junto a isso, a formação politizadora dos sócios foi sendo deixada de lado. Resultado, são tantos sindicatos que servem apenas para manter diretores nos gabinetes, sem que sua categoria seja defendida diante da pressão dos patrões, que fazem de tudo para evitar obrigações trabalhistas e ganhar mais lucro com a mais valia de seus trabalhadores.
Em tal contexto, pode ser que seja um novo vento, esta arrancada da CUT regional vir a Santarém realizar estudo de formação sindical. Que é urgente não há dúvida. Se o curso for além de ensinar regras burocráticas ou de assistencialismo aos sindicalistas será um avanço. Resta saber se as direções, tanto da CUT como dos sindicatos estão preocupadas em recomeçar o estudo da ideologia sindical, num contexto de neo liberalismo intensivo, onde a tendência dos patrões e do próprio governo é relaxar as conquistas dos trabalhadores no passado, afim de acelerar o crescimento econômico a todo custo. Há uma tendência hoje de levar o Brasil a se tornar a quinta maior economia do planeta, mas sacrificando ainda mais a vida dos trabalhadores. Será que a CUT está atenta para defender a classe, ou prefere tomar a atitude da avestruz? Este estudo ora acontecendo em Santarém pode ser um avanço ou um marcar passo, caso a CUT esteja mais preocupada em atrelar as direções sindicais de Santarém a um ou outro partido político, em vista das eleições de outubro próximo. Quem saberá? Talvez os participantes do estudo poderão dizer.
Edilberto Sena
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