Executivos  das empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht estiveram no início da  semana em Brasília para dizer ao governo federal que, se as condições  para a licitação da hidrelétrica de Belo Monte não forem alteradas, o  leilão não terá competidores.  "Se não forem alteradas algumas regras e o  governo não assumir alguns riscos da obra, o leilão será esvaziado",  disse um alto executivo ligado ao consórcio Camargo e Odebrecht.
O  dia de ontem foi marcado por inúmeros comentários dando  conta de que o consórcio formado pelas duas empreiteiras estaria fora  da disputa da hidrelétrica de Belo Monte.  Houve até mesmo informações  de que as duas empresas estariam se separando.  Mas o mesmo executivo  que disse que, se o governo não alterar as regras, o leilão será  esvaziado, negou a saída do consórcio da disputa.  "Nego  peremptoriamente esse boato", disse ele, que não quis se identificar.   "Não temos nem o edital ainda, como iríamos tomar uma decisão como essa  sem o edital publicado?", afirmou.
As informações  desmentidas sobre a separação das empreiteiras coincidiram com a análise  das novas tarifas da hidrelétrica de Belo Monte pelo Tribunal de Contas  da União e foram disseminadas às vésperas da reunião extraordinária da  Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para aprovar o edital do  leilão.  Ou seja, os comentários representaram a última chance de  pressionar a agência a fazer alterações no texto do edital.
O  governo já cedeu na questão da tarifa máxima.  O  primeiro preço enviado e aprovado pelo TCU foi de R$ 68 por megawatt  hora (MWh).  Mas como o próprio tribunal sugeriu que a Empresa de  Pesquisa Energética (EPE) refizesse as contas, em função dos custos  ambientais mais elevados que os previstos, a EPE aproveitou para  corrigir a tarifa em 20%, chegando a R$ 83,00 por Mwh, atendendo parte  da reivindicação das empreiteiras, que diziam que o valor original era  muito baixo.
O governo recebeu a mesma pressão  antes dos leilões de Jirau e Santo Antônio, as usinas do Rio Madeira.   Na época, a Odebrecht chegou a enviar uma carta, como relatado depois  pelo governo, na qual afirmava que o preço de R$ 130 estimado então pela  EPE para Santo Antônio era muito baixo.  O TCU ainda baixou esse  preço-teto para R$ 122, mas o leilão terminou com a Odebrecht vencedora  com tarifa de R$ 78, quase metade do proposto pela EPE.
Fonte: Valor Econômico - (18/03/2010)
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