quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Garimpo ameaça qualidade das águas e perspectivas para manejo de pirarucu em terras indígenas


Os invasores teriam negociado sua permanência com lideranças da aldeia Boca do Biá e, de acordo com os indígenas, eles estariam prospectando a região conhecida como Ressaca da Onça.


Índios Katukina do rio Biá denunciaram à Operação Amazônia Nativa (Opan) que desde o mês passado um grupo de garimpeiros invadiu a Terra Indígena Rio Biá, no município de Jutaí (AM). Segundo eles, funcionários do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-Médio Solimões) atuantes no Polo Sanitário Biá teriam facilitado a entrada dos garimpeiros e promovido uma reunião entre os Katukina da aldeia Boca do Biá com os próprios garimpeiros.


 Os invasores teriam ainda negociado sua permanência com lideranças da aldeia Boca do Biá e, de acordo com os indígenas, eles estariam prospectando a região conhecida como Ressaca da Onça.
 A denúncia foi feita durante o encontro regional dos povos indígenas do município de Jutaí, que aconteceu entre os dias 8 e 10 de setembro, diante de representantes da prefeitura, governo do estado do Amazonas e organizações da sociedade civil.

Os garimpeiros revolvem o fundo dos rios com dragas e despejam resíduos com mercúrio que contaminam as águas e os peixes, permitindo que o metal pesado entre na cadeia alimentar das populações.
Isso coloca os moradores das aldeias do Biá em situação de extremo risco e preocupa as intenções de indígenas e ribeirinhos de investirem no promissor mercado de comercialização do pirarucu.
Esta não é a primeira vez que garimpeiros entram na área Katukina do Biá. Em 2005, durante os trabalhos de proteção territorial que a OPAN desenvolvia em parceria com os Katukina, uma expedição ao rio Mutum flagrou garimpeiros em plena atividade.

O Mutum é o rio que faz a divisa da terra Katukina com a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Cujubim. O local hoje é pouco frequentado pelos Katukina. No entanto, eles expuseram no Plano de Gestão Territorial, que acabaram de elaborar que precisam de apoio para voltar a ocupar esta parte da terra indígena.

O Conselho dos Povos Indígenas de Jutaí (COPIJU) demonstrou surpresa com a denúncia feita durante o encontro regional e reagiu. “A gente ouve de vez em quando que estão mesmo acontecendo algumas atividades ilegais na Boca do Biá, mas só estamos sabendo disso agora. A COPIJU vai tomar conhecimento da situação e correr atrás do prejuízo”, avisou Francisco Peres, coordenador da entidade.



Fonte: A crítica

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