O dia 20 de agosto de 2011 foi marcado, em várias cidades do Brasil e do mundo, por manifestações de protesto contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, município de Altamira/PA. Em Santarém não foi diferente. Cerca de 100 pessoas atenderam a convocação da UES e da FDA e foram às ruas dizer não ao “Belo Monstro” do governo Dilma. A concentração para o ato começou por volta das 18 horas na Praça da Matriz. Os manifestantes caminharam pela orla da cidade, com faixas, cartazes e entoando palavras de ordem como “Não, não, não. Belo Monte não. O Xingu é nosso e não abrimos mão!”.
A hidrelétrica de Belo Monte, cuja construção custará cerca de R$ 30 bilhões aos cofres públicos, é considerada por inúmeros especialistas, movimentos sociais e ambientalistas como um verdadeiro desastre social e ambiental, que causará a destruição da vida no rio Xingu e a expulsão dos povos indígenas de suas terras. Além disso, a energia gerada pela usina não será destinada aos povos da Amazônia, mas apenas para as grandes empresas eletro-intensivas do centro-sul e multinacionais que exploram as riquezas da Amazônia, como a Vale do Rio Doce, ALCOA e MRN.
Durante a caminhada pela orla da cidade, os manifestantes chamaram atenção da sociedade para a possibilidade de construção de 5 usinas hidrelétricas no rio Tapajós, obra que, se concretizada, levará a uma dramática destruição da biodiversidade do rio que banha Santarém. Os povos tradicionais do Tapajós, assim como os povos indígenas do Xingu, estão na iminência de serem expulsos de suas terras e verem sua cultura destruída em virtude da construção de hidrelétricas.
Os estudantes presentes na manifestação aproveitaram o momento para inserir pautas ligadas à educação. “O governo Dilma gastará 30 bilhões de reais na construção de Belo Monte, para destruir a natureza e os povos indígenas. Ao mesmo tempo, se recusa a investir verbas suficientes para garantir uma educação pública de qualidade. Por isso, estamos na rua contra Belo Monstro e em defesa da aplicação de 10% do PIB brasileiro na educação”, afirmou Heloise Rocha, diretora do DCE-UFOPA e militante do movimento Juntos! Juventude em luta.
Outra participação de destaque foi a do Movimento Popular de Luta por Moradia de Santarém. Margarete Teixeira, uma das lideranças do movimento, lembrou que a construção de Belo Monte vem expulsando centenas de famílias de suas terras e casas, aumentando o caos social no município de Altamira. Ademais, Margarete criticou duramente os governos federal, estadual e municipal, que não têm uma política consistente de habitação e moradia, situação que motivou cerca de 500 famílias a ocuparem a margem direita da Av. Fernando Guilhon em Santarém – bairros Vista Alegre do Juá e Salvação.
O ato público em Santarém foi parte de um processo de mobilização internacional contra Belo Monte. Em 13 países estão confirmadas manifestações em frente às embaixadas brasileiras. A maior parte delas ocorrerá na segunda-feira, 22 de agosto. No Brasil, houve protestos em 13 cidades. Os maiores aconteceram nas cidades de São Paulo e Belém, que reuniram cerca de mil pessoas cada um.
Para Anderson Castro, liderança do movimento estudantil da capital paraense, “Este ato tem uma importância fundamental, pela primeira vez a gente consegue unir forças a nível internacional para lutar contra a construção de barragens na Amazônia e nós fazemos um convite para a juventude indignada que venha para somar nesta luta”.
A passeata encerrou na Praça São Sebastião, local onde ocorria a Feira da cultura popular. No entanto, a luta contra as hidrelétricas na Amazônia não se encerra no dia 20. Os movimentos sociais e a juventude indignada estão dispostos a seguir a luta em defesa dos rios, das florestas e da vida na Amazônia. De acordo com Ib Tapajós, coordenador geral da UES, “o combate a Belo Monte é uma questão crucial para nós, pois trata-se de uma luta histórica que já dura mais de vinte anos. Barrar Belo Monte significaria dar um exemplo a todos os povos da Amazônia de que é possível enfrentar o grande capital em defesa de uma Amazônia soberana. Por isso, seguiremos firmes nessa batalha”.
Fonte: Blog da UES
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