quinta-feira, 1 de setembro de 2011

CURUPIRA NÃO MARCHA, NEM DESFILA!

CARTA ABERTA À COMUNIDADE ESCOLAR

"A educação que, para ser verdadeiramente humanista, tem que ser libertadora." (Paulo Freire)
Diante da realidade da nossa educação queremos dialogar com a comunidade escolar (profissionais, pais e estudantes) que, tem sua parcela de contribuição de moldar a sociedade com valores inegavelmente positivos, mas também com atitudes negativas e contraditórias.


Destacamos dois fatos espantosos: o primeiro é o método da “distribuição” de conceito pela participação de estudantes em atividades mecânicas como dançar em quermesse, limpar escola, capinar, pintar, etc.; o segundo é a insistência em participar do chamado “desfile do 7 de setembro”.


Não aprendeu nada, mas ganha 30 pontos!


Quanto à “distribuição” de pontos entendemos que essa atitude é uma forma de alienar intelectualmente os estudantes, visto que os estudantes devem, sobretudo, serem avaliados quanto a sua capacidade intelectual, não a de memorização, mas a de compreensão. É contraditório o professor reclamar do estudante por vários motivos, mas enganá-lo com pontos extras. Assim, o estudante, que assume a culpa por aceitar, já notou que pode compensar notas baixas com qualquer atividade braçal, pois o mesmo receberá 10, 20, 30 ou mais pontos.


Acreditamos que trabalhar pela valorização da escola, enquanto patrimônio público, enquanto espaço social proporciona ao estudante e ao professor identificarem-se com a instituição, levando a uma participação na vida escolar voluntária e conscientemente, sem esperar troca de favores, nem compra de aprovação no pacto da mediocridade do “eu finjo que te ensino” e “tu finges que aprende”.


Marcha soldado, cabeça de papel”!


Quanto ao “desfile do 7 de setembro” temos a compreensão de que o desfile em si é um processo alienador, porque não proporciona a formação do intelecto; é uma atividade imposta, pois tanto o professor quanto o estudante têm o direito de não participar invocando o direito de convicção filosófica ou política, bem como por somente ser obrigado de fazer algo em virtude de lei; é mentiroso, porque tratam como ato de cidadania, cívico e patriótico que são termos totalmente distante do seu real sentido aplicado ao caso; é militarizado, quando percebemos estudantes marchando como militares, influenciando-os a ser um deles; é subserviente, visto que a comunidade escolar que reclama da péssima realidade educacional, são os mesmos que desfilam para os seus algozes (prefeitos, governadores, presidente e demais políticos responsáveis pela situação caótica da educação); pois desfilar conota de que está tudo bem, pois as escolas foram fazer o que eles queriam: marchar como soldados “cabeça de papel”.


Posto isto, concluímos que se formou um ciclo vicioso, o ciclo da não-educação. É o estudante sendo educado a ser um indivíduo aquém do esperado ou um desses políticos que perpetuarão a crise educacional. Ou seja, criam seus próprios inimigos e suas próprias dores.


Portanto, funcionários, pais, estudantes e moradores, almejamos que a educação não seja um processo alienador, obrigatório e antidemocrático, mas um ato libertário, politizador e essencialmente educacional.
Santarém – PA (Amazônia), 30 de agosto de 2011.



FRENTE EM DEFESA DA AMAZÔNIA

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