sexta-feira, 30 de julho de 2010

EDITORIAL DE 28.07.2010 - ÍNDIO SABE QUE XAROPE É BOM PARA TOSSE!

                 Como reagiria a sociedade santarena,  se um dia a prefeitura decidisse vender o local do cemitério dos Mártires para uma empresa construir um hiper mercado? Iria permitir? Então, que dizer,  no caso dos 300 indígenas que nestes dias se rebelaram contra a empresa construtora que destruiu um cemitério indígena para construir uma usina hidroelétrica lá em Aripuanã, Mato Grosso?
Eles paralisaram  a obra e prenderam 100 trabalhadores, exigindo re peito a seu patrimônio destruído pela construção. Estavam  eles certos em causar aquele incidente? A Eletronorte patrocina a violação de um cemitério indígena em nome do progresso.
É justificável o Estado brasileiro invadir lugares sagrados de um povo para gerar energia “ limpa” para indústrias e o crescimento econômico? Os 300 índios de 11 povos distintos  da região vizinha de Jacareacanga  já compreenderam que se o governo brasileiro não respeita a Constituição Nacional,  há outros meios de se fazerem  respeitados. Eles já praticam o antigo ditado  “ a União faz a força e povo unido jamais será vencido” .
Certamente que algumas pessoas submissas ao poder do capital dirão que os índios de Aripuanã não têm direito de paralisar uma obra importante como a hidroelétrica  que é do governo federal. Mas quem tem consciência sabe  que o direito do outro termina onde começa o meu e os indígenas têm direitos garantidos pela Constituição Nacional.
Assim têm razão de defender o que é seu,  tanto os indígenas de Aripuanã, como os Kaiapó do Xingu e os Munduruku do Tapajós, estes que já mandaram aviso ao Presidente da República de que o governo não tem direito de violar rios e florestas, a vida e a dignidade dos povos da floresta. O programa de aceleração do crescimento não pode ser feito à custa da vida destes povos.
Da mesma forma como a sociedade santarena   tem direito à preservação de seus cemitérios, os índios  também têm seus  patrimônios,  cultural e religioso que merecem respeito. Sim, ou não? Critica-se o imperialismo norte americano no mundo, com razão, como é injusto o que o povo israelita está causando ao povo palestino. Mas muitos ainda dão razão aos crimes causados à Amazônia em nome do progresso e do crescimento econômico. Mas os povos indígenas estão dando exemplo de que quando alei não funciona há outros meios de o respeito ser garantido.  Se um ladrão tenta roubar uma residência, o dono tem direito a defendê-la mesmo que na defesa,  o criminoso venha a sofrer danos. 
Pe.Edilberto Sena

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