Como reagiria a sociedade santarena,  se  um dia a prefeitura decidisse vender o local do cemitério dos Mártires  para uma empresa construir um hiper mercado? Iria permitir? Então, que  dizer,  no caso dos 300 indígenas que nestes dias se  rebelaram contra a empresa construtora que destruiu um cemitério  indígena para construir uma usina hidroelétrica lá em Aripuanã, Mato  Grosso? 
Eles paralisaram  a obra e prenderam 100 trabalhadores, exigindo re peito a seu patrimônio destruído pela construção. Estavam  eles certos em causar aquele incidente? A Eletronorte patrocina a violação de um cemitério indígena em nome do progresso.
É  justificável o Estado brasileiro invadir lugares sagrados de um povo  para gerar energia “ limpa” para indústrias e o crescimento econômico?  Os 300 índios de 11 povos distintos  da região vizinha de Jacareacanga  já compreenderam que se o governo brasileiro não respeita a Constituição Nacional,  há outros meios de se fazerem  respeitados. Eles já praticam o antigo ditado  “ a União faz a força e povo unido jamais será vencido” . 
Certamente  que algumas pessoas submissas ao poder do capital dirão que os índios  de Aripuanã não têm direito de paralisar uma obra importante como a  hidroelétrica  que é do governo federal. Mas quem tem consciência sabe  que o direito do outro termina onde começa o meu e os indígenas têm direitos garantidos pela Constituição Nacional. 
Assim têm razão de defender o que é seu,  tanto  os indígenas de Aripuanã, como os Kaiapó do Xingu e os Munduruku do  Tapajós, estes que já mandaram aviso ao Presidente da República de que o  governo não tem direito de violar rios e florestas, a vida e a  dignidade dos povos da floresta. O programa de aceleração do crescimento  não pode ser feito à custa da vida destes povos. 
Da mesma forma como a sociedade santarena   tem direito à preservação de seus cemitérios, os índios  também têm seus  patrimônios,  cultural  e religioso que merecem respeito. Sim, ou não? Critica-se o  imperialismo norte americano no mundo, com razão, como é injusto o que o  povo israelita está causando ao povo palestino. Mas muitos ainda dão  razão aos crimes causados à Amazônia em nome do progresso e do  crescimento econômico. Mas os povos indígenas estão dando exemplo de que  quando alei não funciona há outros meios de o respeito ser garantido.  Se um ladrão tenta roubar uma residência, o dono tem direito a defendê-la mesmo que na defesa,  o criminoso venha a sofrer danos. 
Pe.Edilberto Sena 
 
 
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