sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Editorial 19.01.10

A Emater Pará está exultante em Monte Alegre, pois neste ano tem um novo projeto agrícola. Vai estimular os pequenos produtores rurais a melhorar sua renda familiar distribuindo sementes boas de milho e feijão. Quem conheceu Monte Alegre nas décadas de 70 e 80 deve estar sorrindo de ironia. Na década de 1970 a agricultura familiar naquele município era dinâmica e florescente. Não havia Emater Pará por lá, apenas o Incra promovia distribuição e legalização das terras que eram férteis e generosas. Monte Alegre na época, exportava para Santarém, Manaus, Macapá e Belém: feijão canário, banana, tabaco, tomate, repolho, frutas diversas. Também exportava bastante pimenta do reino para o exterior. O tempo passou, a assistência técnica desapareceu e a produção agrícola do município quebrou. Em vez da agricultura familiar as terras em grande parte, foram vendidas para fazendeiros que as transformaram em pastos. Por isso, quando agora já no início do século 21,  chega a notícia de que a Emater está distribuindo sementes de feijão e milho com a esperança de melhorar a vida dos agricultores pinta cuias pode provocar sorrisos de ironia. Que se cuidem os técnicos, para que o pobre agricultor em vez de plantar feijão, não venham a  colocar as sementes na panela e o milho para cuscuz. O que se pergunta hoje é – Como pode um município decair em sua produção agrícola em apenas 40 anos? Provavelmente os consumidores de Monte Alegre estão comendo banana importada e verduras também importadas. O repolho do nordeste e o tomate com agrotóxico de São Paulo. Que regressão econômica social de uma população trabalhadora. Um pequeno consolo para os pinta cuias é que eles não são os únicos a sofrerem esta regressão econômica. Monte Alegre como Alenquer, Óbidos e Santarém são as terras do já teve e do já foi. Não será grande surpresa se alguns dos bons produtores de feijão e banana de antes, hoje dependerem da bolsa família. Embora seja uma boa iniciativa da Emater, oferecer sementes de feijão e milho aos pequenos produtores, seria importante realizar uma profunda pesquisa para descobrir as causas de decadência da produção familiar naquele município e a partir daí, elaborar um plano de fomento mais abrangente. Se Monte Alegre já foi um município exportador de frutas e legumes, certamente a terra, em se plantando dá.

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