A Universidade é uma instituição milenar, sua conformação antecede ao nascimento dos Estados nacionais. Ela surge porque a civilização necessitava de um espaço em que se pudesse exercitar livremente a busca pelo aperfeiçoamento e transmissão da cultura, do conhecimento, do pensamento filosófico e principalmente a investigação cientifica não alinhada com interesses econômicos imediatos. A legitimidade da universidade moderna se assenta na afirmação da autonomia do conhecimento diante do Estado e da religião, e mais recentemente do mercado, logo na idéia de um saber orientado por uma dinâmica própria.
Sendo assim, uma universidade é um espaço democrático, politizador, participativo, intelectual, de formação crítica. Sobretudo em uma universidade pública. E quando esse espaço é planejado desde a sua gênese, deve possuir todos esses valores. Contudo, não é o que está acontecendo na implantação da Nova Universidade em Santarém, ora chamada de UFOPA ora de UNIAM.
Sendo assim, uma universidade é um espaço democrático, politizador, participativo, intelectual, de formação crítica. Sobretudo em uma universidade pública. E quando esse espaço é planejado desde a sua gênese, deve possuir todos esses valores. Contudo, não é o que está acontecendo na implantação da Nova Universidade em Santarém, ora chamada de UFOPA ora de UNIAM.
Contexto
O Ministério da Educação instituiu uma Comissão de Implantação, desde 04/07/2008, para “realizar estudos e atividades para o planejamento institucional, a organização da estrutura acadêmica e curricular, administração de pessoal, patrimônio, orçamento e finanças, visando atender aos objetivos previstos no Projeto de Lei n.º 2879/2008”, que é a PL de criação da nova universidade.
Mesmo realizando dois Seminários, que não satisfizeram nossa realidade amazônica, essa discussão segue agora fechada, decidindo à revelia da população interessada em participar do processo de implantação.
É extremamente necessária uma universidade para a nossa região. Contudo, que venha beneficiar àquilo que se faz necessário.
O Ministério da Educação instituiu uma Comissão de Implantação, desde 04/07/2008, para “realizar estudos e atividades para o planejamento institucional, a organização da estrutura acadêmica e curricular, administração de pessoal, patrimônio, orçamento e finanças, visando atender aos objetivos previstos no Projeto de Lei n.º 2879/2008”, que é a PL de criação da nova universidade.
Mesmo realizando dois Seminários, que não satisfizeram nossa realidade amazônica, essa discussão segue agora fechada, decidindo à revelia da população interessada em participar do processo de implantação.
É extremamente necessária uma universidade para a nossa região. Contudo, que venha beneficiar àquilo que se faz necessário.
Área de Implantação
A instalação prevista é na área que atualmente encontra-se a UFRA, o Campus II da UFPA e alguns terrenos mais a frente, localizados no Bairro do Salé (ou Liberdade). Note-se que, comprovadamente, esse local tem a presença do Sítio Vera Paz (Patrimônio cultural, arqueológico e paisagístico de Santarém), no qual, no entanto, a UFPA criminosamente construiu algumas salas sem o devido levantamento legal. Além da destruição do único sítio arqueológico urbano ainda passível de preservação e estudo corre-se o risco de serem despejadas 13 famílias (63 pessoas) para construção do Parque Tecnológico da universidade. Vale ressaltar que inicialmente a discussão sobre a implantação se dava com relação à área na Avenida Fernando Guilhon pertencente a Família Campos Corrêa, a qual era considerada prioridade 1 por vários motivos: por ser terra devoluta, por ter ligação com rio, por estar relativamente preservada e sem moradores e também por ser afastada da cidade e poder expandir-se. Porém subitamente o discurso mudou e o local também.
Já diria o provérbio: “O pau sempre quebra no menor”. Será que o poder econômico prevalecerá mais uma vez? A Prefeitura de Santarém terá coragem de desapropriar uma área devoluta, ou desalojar as 13 famílias? Uma universidade não visa o interesse público?
A instalação prevista é na área que atualmente encontra-se a UFRA, o Campus II da UFPA e alguns terrenos mais a frente, localizados no Bairro do Salé (ou Liberdade). Note-se que, comprovadamente, esse local tem a presença do Sítio Vera Paz (Patrimônio cultural, arqueológico e paisagístico de Santarém), no qual, no entanto, a UFPA criminosamente construiu algumas salas sem o devido levantamento legal. Além da destruição do único sítio arqueológico urbano ainda passível de preservação e estudo corre-se o risco de serem despejadas 13 famílias (63 pessoas) para construção do Parque Tecnológico da universidade. Vale ressaltar que inicialmente a discussão sobre a implantação se dava com relação à área na Avenida Fernando Guilhon pertencente a Família Campos Corrêa, a qual era considerada prioridade 1 por vários motivos: por ser terra devoluta, por ter ligação com rio, por estar relativamente preservada e sem moradores e também por ser afastada da cidade e poder expandir-se. Porém subitamente o discurso mudou e o local também.
Já diria o provérbio: “O pau sempre quebra no menor”. Será que o poder econômico prevalecerá mais uma vez? A Prefeitura de Santarém terá coragem de desapropriar uma área devoluta, ou desalojar as 13 famílias? Uma universidade não visa o interesse público?
Formação de mão-de-obra
O pretenso Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) declara expressamente no Projeto de Implantação que “a região oeste paraense [...] é altamente favorável ao perfil dos engenheiros” e outros profissionais, que “conta [a região] apenas com três cursos de Engenharias [...], embora se tenha a presença de grandes empreendimentos nessas áreas: Cargill, ALCOA, MRN...”.
Será espantosamente imoral uma universidade que tem a presunção de ser “excelência na produção de conhecimento” se vender para empresas a mando do capital estrangeiro. Será uma universidade para autonomia da Amazônia ou um mecanismo para expropriá-la em benefício do mercado?
O pretenso Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) declara expressamente no Projeto de Implantação que “a região oeste paraense [...] é altamente favorável ao perfil dos engenheiros” e outros profissionais, que “conta [a região] apenas com três cursos de Engenharias [...], embora se tenha a presença de grandes empreendimentos nessas áreas: Cargill, ALCOA, MRN...”.
Será espantosamente imoral uma universidade que tem a presunção de ser “excelência na produção de conhecimento” se vender para empresas a mando do capital estrangeiro. Será uma universidade para autonomia da Amazônia ou um mecanismo para expropriá-la em benefício do mercado?
Forma de Ingresso
A Comissão “decidiu” que o ingresso será pelo ENEM, um processo privatizado que não leva em consideração nossos conhecimentos e especificidades regionais. O “novo” ENEM aumentará exponencialmente a concorrência, não mais apenas com os alunos de nossa região, mas de todo o Brasil. Será que os alunos que passarão de outras regiões terão o compromisso em aplicar seus conhecimentos em benefício da Cultura Amazônica? Ora, quem permitiu, quem autorizou, que decidissem esse tipo de ingresso?
A Comissão “decidiu” que o ingresso será pelo ENEM, um processo privatizado que não leva em consideração nossos conhecimentos e especificidades regionais. O “novo” ENEM aumentará exponencialmente a concorrência, não mais apenas com os alunos de nossa região, mas de todo o Brasil. Será que os alunos que passarão de outras regiões terão o compromisso em aplicar seus conhecimentos em benefício da Cultura Amazônica? Ora, quem permitiu, quem autorizou, que decidissem esse tipo de ingresso?
Contraponto
Vindo à tona todas essas mazelas, constituiu-se a “Comissão Popular para a Nova Universidade”, formada por: FDA – Frente em Defesa da Amazônia; SINPROSAN – Sindicato dos Professores de Santarém; SINTEPP – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará; FAMCOS – Federação das Associações de Moradores e Organizações Comunitárias de Santarém; UES – União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém; DA/UFPA – Diretório Acadêmico/UFPA – Santarém; CA/UFRA – Centro Acadêmico/UFPA – Santarém; CADED – Centro Acadêmico de Direito Evandro Diniz/UFPA – Santarém; CABIO – Centro Acadêmico de Biologia/UFPA – Santarém; AMDS – Associação de Mulheres Domésticas de Santarém; AMBL – Associação de Moradores do Bairro da Liberdade; Pastoral Social da Diocese de Santarém e Rádio Rural de Santarém.
O Presidente da Comissão de Implantação, Prof. Seixas Lourenço, diga-se de passagem que não é da nossa região, e que nunca comparece para dialogar com a comunidade acadêmica e local, disse numa reunião relâmpago e forçada pela Comissão Popular “que nada está fechado, o Projeto está aberto para propostas”. Ora como acreditar se o “Projeto de Implantação da UNIAM”, já foi entregue direta e solenemente ao Ministro da Educação, Fernando Hadad, sem ao menos consultar a sociedade se a mesma estava de acordo com esse tal Projeto.
Cumpra-se aqui registrar que todos os possíveis valores que uma universidade deve ter, estão astuciosamente, sendo desvirtuados. Espera-se que não seja a fetidez de siglas partidárias e os interesses pessoais que estejam perambulando nos “corredores” da nova universidade “que já nasce velha”.
Universidade, sim! Universidade, libertária!
Vindo à tona todas essas mazelas, constituiu-se a “Comissão Popular para a Nova Universidade”, formada por: FDA – Frente em Defesa da Amazônia; SINPROSAN – Sindicato dos Professores de Santarém; SINTEPP – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará; FAMCOS – Federação das Associações de Moradores e Organizações Comunitárias de Santarém; UES – União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém; DA/UFPA – Diretório Acadêmico/UFPA – Santarém; CA/UFRA – Centro Acadêmico/UFPA – Santarém; CADED – Centro Acadêmico de Direito Evandro Diniz/UFPA – Santarém; CABIO – Centro Acadêmico de Biologia/UFPA – Santarém; AMDS – Associação de Mulheres Domésticas de Santarém; AMBL – Associação de Moradores do Bairro da Liberdade; Pastoral Social da Diocese de Santarém e Rádio Rural de Santarém.
O Presidente da Comissão de Implantação, Prof. Seixas Lourenço, diga-se de passagem que não é da nossa região, e que nunca comparece para dialogar com a comunidade acadêmica e local, disse numa reunião relâmpago e forçada pela Comissão Popular “que nada está fechado, o Projeto está aberto para propostas”. Ora como acreditar se o “Projeto de Implantação da UNIAM”, já foi entregue direta e solenemente ao Ministro da Educação, Fernando Hadad, sem ao menos consultar a sociedade se a mesma estava de acordo com esse tal Projeto.
Cumpra-se aqui registrar que todos os possíveis valores que uma universidade deve ter, estão astuciosamente, sendo desvirtuados. Espera-se que não seja a fetidez de siglas partidárias e os interesses pessoais que estejam perambulando nos “corredores” da nova universidade “que já nasce velha”.
Universidade, sim! Universidade, libertária!
Um comentário:
Concordo plenamente com o que li. É preciso mostrar "pra eles" que o povo não está "dormindo". Mostrar o que queremos. Somos amazônidas, queremos uma universidade para nós, o povo daqui, não uma universidade que internacionalize o que é nosso!
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