O jornal “Folha de São Paulo” publicou  hoje e o IUH reproduziu duas matérias (Veja AQUI) sobre o chamado “Complexo Hidrelétrico do Tapajós”. 
Tanto a Folha como o Diário do Pará  contataram o Padre Edilberto Sena para saber sobre a Cartilha “Tapajós  Vivo” (foto), elaborada por movimentos sociais da região: a Frente em  Defesa da Amazônia, Movimento Tapajós Vivo e Aliança Missionária  Fransciscana do Tapajós.
Ambos os meios de comunicação disseram  que o material é altamente incitador ao crime. Vou disponibilizar em  breve a cartilha aqui no blog, mas posso assegurar que a mesma nada tem  de criminosa. O Padre Edilberto Sena também pensa assim.
Divulgo a  seguir cópia do artigo enviado por ele aos dois jornalões:
DEFENDER  A VIDA E A AMAZÔNIA NÃO É CRIME 
No  tempo da escravidão legalizada, o senhor da Casa Grande detinha o poder  total sobre os escravos. As leis e a moral católica da época lhe davam  direito de vida e morte sobre os que viviam na Senzala. O tempo passou, a  senzala foi extinta, mas para muitos patrões, grandes e pequenos, quem  se rebela contra a atual escravidão social, política e econômica, é  considerado criminoso (a), subversivo(a), etc e deve ser punido(a),  ainda mais se for contra o governo federal. 
Nestes  novos tempos uma das senzalas é a Amazônia e algumas das casas grandes  incluem o palácio do planalto, governos estaduais, além de empresários  com mentalidade colônia.
Qualquer atitude de inconformismo de  trabalhadores, ribeirinhos, indígenas, ou moradores de periferia e do  movimento dos sem terra, o MST, é logo considerada insubordinação à  ordem democrática, incitação ao crime e deve ser exemplarmente punida.
O  governo federal, através de seus Programa de Aceleração do Crescimento,  o PAC decidiu arbitrariamente construir 10 mega hidroelétricas na  Amazônia. Sete delas no Estado do Pará. Não consultou as populações da  região a serem prejudicadas por tais projetos, não leva em conta os  grandes impactos negativos ao meio ambiente, à fauna e à flora das  bacias dos rios Xingu e Tapajós; sabe que irá interferir no habitat dos  povos indígenas Kaiapó, Munduruku, Juruna e mais outros 14 povos  indígenas das duas bacias hidrográficas. Simplesmente segue os planos  montados pelo Ministério de minas e Energia, com aval da ANEEL e do  IBAMA, órgãos subalternos e subservientes.
O governo federal  decidiu construir cinco mega hidroelétricas nos rios Tapajós e Jamanxin.  A propaganda da Eletronorte é de que serão usinas modernas, com mínimos  impactos ambientais, porque utilizarão um novo modelo em forma de  plataforma. Considera um projeto com mínimos impactos, quando os dados  oferecidos pela própria empresa afirmam que: serão atingidos 105.590  hectares de inundação em áreas protegidas, inclusive 9.935 hectares do  Parque Nacional da Amazônia; o total de 55 Km² de área Munduruku serão  também inundadas. Sem contar as centenas de famílias ribeirinhas de  Jacareacanga, Pimental, São Luiz do Tapajós, Piriquitos, Vila Rayol, que  deverão ser expulsas de suas comunidades, indenizadas precariamente,  perdendo seu rio, seus cemitérios, seu modo de vida que depende do rio e  da mata. Nada disso parece crime para o governo e para os senhores das  “casas grandes”.
Nem Santarém ficará imune ao desastre das  hidroelétricas na bacia do Tapajós. Como o rio é raso, no verão o rio  Amazonas avança em frente a cidade de Santarém, indo além das Docas do  Pará, como ilustra a foto na página 21 da cartilha “subversiva”. Imagine  se o governo chegar a construir já a primeira barragem de 36 metro de  altura na comunidade de São Luiz, quem garante que o Amazonas não  avançará até as cantadas em versos e prosa as praias de Alter do Chão,  Pindobal, Maguari e demais? Não será isso mais um crime econômico e  turístico? E a violência às espécies de peixes de piracema, que  normalmente migram para as cabeceiras do rio Tapajós para desova e  depois descem com seus filhotes para serem pescados nas várzeas e lagos  do Baixo Amazonas, que com as barragens poderão desaparecer da região,  não são esses impactos crimes contra as populações tapajônicas?
Por  que então uma cartilha reveladora desses fatos aparece como incitadora à  violência?
Quem mesmo está planejando violência e crimes, não é a  Eletronorte, a ANEEL, o IBAMA, o Ministério de Minas e Energia?  “Depende”, dirá alguém. Para os senhores da “Casa Grande” o criminoso  foi Zumbi dos Palmares e para os portugueses da época da colônia,  criminoso foi Ajuricaba, que resistiu até a morte à invasão de Manaus.  Certamente quem ler a CARTILHA EM DEFESA DA BACIA DO RIO TAPAJÓS, seus  povos e suas culturas, com olhar mais isento perceberá quem mesmo comete  crime e incita á violência.
Finalmente, se um ladrão entra em  sua casa e quer roubar você acorda defende sua propriedade e ele morre.  Quem cometeu o crime?
Fonte: Blog do Cândido
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