segunda-feira, 24 de maio de 2010

Antigamente....

Antigamente as crianças brincavam de roda e uma cantiga dizia assim: “vamos passear no bosque em quando seu lobo não vem...”. Há pouco tempo, grupos populares do bairro do Laguinho lutavam para garantir um campo de futebol tradicional, o chamado bosque da Vera Paz. Porém, seu lobo já havia  chegado, tomou conta do bosque e os moradores foram proibidos de passear no local. Mais, recente, surge nova informação: a Prefeitura de Santarém apresenta um plano de construir ali, na área alagadiça da Vera Paz, uma chamada plataforma e transformar a área em Bosque.
A que área se refere a prefeitura? Será que seu lobo ficou manso e deixou a área do campo e do antigo bosque livre para as crianças passearem? Tudo indica que se está usando uma mesma palavra para sentidos diferentes, basta olhar a área demarcada para o novo projeto. Bosque, para os moradores do bairro era toda a área arborizado, entre a avenida Cuiabá e a beira do rio. Bosque na linguagem da prefeitura é apenas a beira do rio, alagadiça que será continuidade da orla da cidade. É uma restinga com alguma árvores e o alagado.
Por que será que a Companhia Docas do Pará, “doou generosamente” à prefeitura, o que é patrimônio da população? E por que doou apenas a área alagadiça que vai obrigar a prefeitura a gastar mais dinheiro para fazer uma plataforma elevada? Será para criar um bosque, ou será apenas uma passarela para proteger o bosque de seu lobo? É para atender ao lazer dos moradores do bairro, ou é para enganar a população desatenta que se conforma com qualquer coisa?
Por que será que a direção das Docas expulsou os times de futebol que utilizavam o campo da Vera Paz a mais de 20 anos? Por que de repente a prefeitura anuncia alegremente a construção de uma passarela e dá o nome de bosque a uma restinga alagadiça? Será aquilo urbanização da Pérola do Tapajós?
Quem duvidar vá lá dar uma olhada no serviço já iniciado. E assim, de grão em grão a perola do Tapajós, como o próprio rio, se torna terra dos outros, os que chegam de fora, assim como chegaram os portugueses e expulsaram os Tupaiús e Boraris. O mais triste é que a maioria dos nativos hoje ficam satisfeitos e conformados com as miçangas ofertadas com festa.

Pe.Edilberto Sena

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