Antigamente  as crianças brincavam de roda e uma cantiga dizia assim: “vamos passear  no bosque em quando seu lobo não vem...”. Há pouco tempo, grupos  populares do bairro do Laguinho lutavam para garantir um campo de  futebol tradicional, o chamado bosque da Vera Paz. Porém, seu lobo já  havia  chegado, tomou conta do bosque e os moradores foram  proibidos de passear no local. Mais, recente, surge nova informação: a  Prefeitura de Santarém apresenta um plano de construir ali, na área  alagadiça da Vera Paz, uma chamada plataforma e transformar a área em  Bosque. 
A que área  se refere a prefeitura? Será que seu lobo ficou manso e deixou a área do  campo e do antigo bosque livre para as crianças passearem? Tudo indica  que se está usando uma mesma palavra para sentidos diferentes, basta  olhar a área demarcada para o novo projeto. Bosque, para os moradores do  bairro era toda a área arborizado, entre a avenida Cuiabá e a beira do  rio. Bosque na linguagem da prefeitura é apenas a beira do rio,  alagadiça que será continuidade da orla da cidade. É uma restinga com  alguma árvores e o alagado.
Por que  será que a Companhia Docas do Pará, “doou generosamente” à prefeitura, o  que é patrimônio da população? E por que doou apenas a área alagadiça  que vai obrigar a prefeitura a gastar mais dinheiro para fazer uma  plataforma elevada? Será para criar um bosque, ou será apenas uma  passarela para proteger o bosque de seu lobo? É para atender ao lazer  dos moradores do bairro, ou é para enganar a população desatenta que se  conforma com qualquer coisa?
Por que  será que a direção das Docas expulsou os times de futebol que utilizavam  o campo da Vera Paz a mais de 20 anos? Por que de repente a prefeitura  anuncia alegremente a construção de uma passarela e dá o nome de bosque a  uma restinga alagadiça? Será aquilo urbanização da Pérola do Tapajós? 
Quem  duvidar vá lá dar uma olhada no serviço já iniciado. E assim, de grão em  grão a perola do Tapajós, como o próprio rio, se torna terra dos  outros, os que chegam de fora, assim como chegaram os portugueses e  expulsaram os Tupaiús e Boraris. O mais triste é que a maioria dos  nativos hoje ficam satisfeitos e conformados com as miçangas ofertadas  com festa.
Pe.Edilberto Sena 
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