EDITORIAL DE 25.08.2010
Diante da notícia de que o governo brasileiro decide destruir a bacia rio Tapajós para construir cinco mega hidroelétricas, um taifeiro de um barco de linha Santarém Itaituba se perguntava em voz alta – mas será que ninguém reage? Será que vamos permitir tal desgraça? Foi quando alguém que estava perto e o escutou, informou que naquela viagem do barco estava um grupo que iria se juntar a outros 600 companheiros lá em Itaituba para ver como reagir. Ele então prometeu que iria passar lá no local para acompanhar as discussões.
De fato, cerca de 600 militantes defensores da Amazônia estarão nestes dias reunidos, vindos uns de Rondônia, onde o governo federal já destrói o rio madeira com duas hidroelétricas, outros vindos do Mato Grosso, onde o governo pretende destruir o rio Teles Pires (nascente do rio Tapajós), com três hidroelétricas, outros, do rio Xingu, onde o governo insiste em destruir o belo rio com a hidroelétrica de Belo Monte e mais outros, da região do Tapajós, onde o governo pensa destruir para levantar cinco mega hidroelétricas.
Uns chegarão de barco, outros de ônibus, alguns mais de longe virão de avião e outros chegarão de caminhonetas. Dois objetivos reúnem todos e todas militantes, um é sensibilizar a população da cidade de Itaituba sobre os graves impactos que estão previstos para a população, caso se deixe o governo livre para suas arbitrariedades. Até o momento grande parte da sociedade itaitubense, ou está desinformada e acomodada, ou os oportunistas aplaudem o plano governamental pensando em usufruir algum possível emprego ou dinheiro que correrá enquanto as obras estiverem em construção. Não se dão conta que, como no tempo bíblico de Noé, o dilúvio matará a todos.
O outro objetivo do encontro das 4 bacias é fortalecer a aliança de todos os que já se deram conta que os planos do governo são assassinos contra os povos da Amazônia e é urgente se construir uma estratégia de resistência para frear o plano das usinas assassinas. Já se deram conta que o governo se aproveitou da desarticulação em Rondônia e impôs o fato consumado no rio Madeira, quando a desgraça já está visível, na falta de farinha e de peixe para a população de Porto Velho e a expulsão dos ribeirinhos já é fato. É urgente apoiar a luta dos atingidos pelas barragens de Jirau e Santo Antônio, ao mesmo tempo tirar lições de lá e resistir no rio Xingu, Tapajós, Teles Pires e demais rios ameaçados.
A sanha do capital explorador e a criminosa subserviência dos governos federal e estaduais, querem gerar progresso, à custa dos povos da Amazônia. Nem todos, porém, estão dormindo na região só a lamentar como o taifeiro do barco. O encontro das quatro bacias em Itaituba neste dias é sinal disso. Acordar 100 mil possíveis vítimas das barragens do rio Tapajós em Itaituba e fortalecer a estratégia de resistência coletiva é algo novo na Amazônia.
Assim como os índios Juruna e Arara já declararam lá na Volta Grande do rio Xingu, que a usina de Belo Monte só será construída sobre o sangue deles, também os outros nativos da Amazônia querem saber como apoiar os parentes do Xingu e aprender com eles, a enfrentar as arbitrariedades do governo, que se diz democrata e viola as leis constitucionais para servir a empreiteiras e mineradoras nacionais e estrangeiras. Esses militantes têm consciência de que o governo federal não tem direito de violar direitos sagrados dos indígenas, ribeirinhos, caboclos urbanos e rurais destas terras que são suas vidas.
Neste dias se cantará em Itaituba o hino nacional na parte que diz- Verás que um filho teu não foge à luta...
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