Ao menos quatros grandes grupos industriais montaram comitês internos para estudar a participação no leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A obra terá custo estimado em R$ 20 bilhões e demorará dez anos para ficar pronta. A responsabilidade pelo projeto é da Eletrobrás. Entre os grupos citados estão a Vale do Rio Doce, a Votorantim, a Alcoa e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O empreendimento de Belo Monte está em fase de licenciamento ambiental, mas a expectativa é de que se realize o leilão da usina até o fim do ano. A participação desses grupos como investidores no projeto pode viabilizar o plano do governo de conseguir a formação de dois consórcios. O governo estava preocupado com o risco de haver apenas um consórcio na disputa, o que acabaria com a concorrência observada no leilão das usinas do rio Madeira. Além dos autoprodutores, outro trunfo do governo é o grupo Eletrobrás, que poderá entrar no negócio como holding ou dividir sua participação por meio de suas subsidiárias, que poderiam buscar composições nos consórcios.
Para abrigar os autoprodutores, o governo irá mudar o modelo de divisão da energia em relação àquele usado para as usinas do rio Madeira, reduzindo a parte destinada aos consumidores livres de 30% para 10%. Os 20% restantes ficarão para os consórcios que conseguirem atrair os autoprodutores. Nesse caso, a parte do mercado cativo - formado pelas distribuidoras que compram energia para atender aos consumidores comuns - continuará em 70%, como no Madeira. Mas, caso não haja autoprodutores, o consórcio terá então de vender, não mais 70% da energia ao mercado cativo, mas sim 90%.
Os grandes grupos industriais avaliam a oferta com razoável, mas há dúvidas ainda sobre os riscos ambientais e sociais do projeto. Os autoprodutores querem investir, mas sem assumir o risco ambiental da obra. O governo, em princípio, não aceitou essa proposta.
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